Pular para o conteúdo principal

O PRIMEIRO DIA

 


Quando você vai morrer? Sim, você tem a resposta sem tê-la, pois, na vida, a morte é a única certeza, ficando a incerteza do quando, onde, como e, às vezes, do porquê. Fazer o que, então, a respeito? Encher de medo o peito, ou curtir tudo loucamente, como se nada mais pudesse ser feito?

O brocardo “viva cada dia como se fosse o último”, apesar da sabedoria aparente, traz uma maldição evidente. Aqueles que o assimilam mergulham em uma existência de hedonismo oco, ou são tomados por uma ansiedade diária que corrói e os torna loucos. Pois então, para onde apontar o coração?

Em vez de pensar que o dia de hoje é o último, você deve reconhecê-lo como o primeiro. Talvez hoje seja a sua derradeira jornada, mas você não sabe. Nem o mais debilitado dos doentes, nem o soldado sob o mais ardente fogo-cruzado, nem o cativo torturado, nem o prisioneiro que aguarda para ser executado. Porém, esteja certo de que hoje é o primeiro dia de sua vida. Ela poderá, de agora em diante, ser curta ou longa, levá-lo ao abismo ou à crista da onda, mas o fato é que o hoje existe, e se você está triste, a boa notícia é que Deus lhe presenteou com uma oportunidade para enxugar as lágrimas e a paz encontrar, arrepender-se e também perdoar, afastar-se das brigas e escolher amar, e em vez de ferir, ser curado e curar.

Hoje sempre será o primeiro dia do resto de sua vida. O presente é um presente, então faça dele bom uso, semeie bons frutos e não os queime com o sol da insensatez. Viva mirando o brilho da vida e não se assombre pela morte e sua palidez.


*Imagem: https://drd.com.br/a-morte-como-caminho-para-vida/

 


Comentários

  1. Seja bem-vindo de volta aos textos Renan! Que seja o novo primeiro de muitos! Abração!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

A HISTÓRIA DA MINHA VIDA #1: PRÓLOGO

Toda história tem um prólogo. Não é possível imaginarmos que qualquer fato tenha uma origem em si mesmo, sem nenhum motivo anterior. Nem mesmo o universo (e a sua história) vieram do nada: Deus deu o pontapé inicial, e apenas Ele, Deus, não tem uma razão externa para existir, pois é eterno e fora da natureza. Nossa história não começa no nascimento, mas vem de muito antes. Na verdade, seria possível dizer que, caso quiséssemos, sinceramente, elaborar um prólogo fiel de nossas vidas, seria preciso retornar à origem do universo. No entanto, por razões óbvias, se a ideia é criar alguma introdução para a nossa biografia (ou simples livro de memórias), então imagino que o melhor a fazer é limitá-la aos nossos pais, pois são nossas referências biológicas e sociais mais diretas. Minha vida, ou o projeto que se tornaria a minha vida, começou no dia em que meus pais se conheceram, pois ali se encontrava a grande e objetiva propulsão que resultaria, cerca de dez anos depois, no meu enc...

INSPIRAÇÃO, POR ONDE ANDAS?

Como já é possível perceber, estou há muito tempo sem escrever por aqui. Não é apenas por esse canal: eu realmente não mais tenho conseguido palavras para expressar, por meio de textos, meus pensamentos (e garanto que não são poucos!). É interessante que, falando, ou melhor, dialogando com alguém, eu consigo trazer à tona diversas reflexões sobre os mais variados assuntos, mas ultimamente tem sido um sacrifício transportá-las para o "papel".  Estou há poucos dias de férias e resolvi, com o fim de apenas entreter-me, acessar esse meu blog e conferir meus textos antigos. Fiquei impressionado. "Quem é esse que escreve tão bem?", perguntei-me. Sem falsa modéstia, tenho o dom da escrita, ou ao menos tinha, pois parece-me que tal dom "escapou-me pelos dedos", como se o teclado em que digito ou a folha sobre a qual passeia a caneta que venho a empunhar emanassem um sopro de desinspiração, esvaziando a minha mente. "Onde eu estava mesmo...?" é a pergun...

TIA NOECI, HENRIQUE E EU

  Enquanto eu e o Henrique almoçávamos assistindo ao Chaves e ao Chapolin, lá estavas tu, convencendo o meu irmão a, para a comida, dizer “sim”, antes que eu desse cabo aos restos a serem deixados por ele que, diante de uma colher de arroz e feijão, insistia em falar “não”. Enquanto eu e o Henrique estávamos na escola, durante a manhã, na época do Mãe de Deus, tu arrumavas a bagunça do nosso quarto, preparando-o para ser desarrumado outra vez. Então, quando desembarcávamos da Kombi do Ademir, tu, não sem antes sorrir, nos recebias cheia de carinho e atenção, e dava aquele abraço caloroso que transmitia o que havia no teu coração. Enquanto eu e o Henrique, em tenra idade escolar, tínhamos dificuldades nos deveres de casa, tu estavas lá, nos ajudando a ler, escrever e contar, pois, embora a humildade seja tua maior virtude, ela era muito menor do que tua doação. Sabias que, em breve, não mais conseguirias fazê-lo, mas, até lá, com zelo, estenderias tuas mãos. Enquanto eu e o Henri...