Pular para o conteúdo principal

O Legado de Jonas

Uma rápida manifestação acerca da saída de Jonas, do Grêmio.

Primeiro, apesar da multa ridícula estipulada quando da prorrogação contratual, é injusto dizer que a direção anterior errou. Sim, a multa era baixíssima, mas o fato é que permitiu a permanência do jogador no Olímpico até o fim de 2010, proporcionando ao clube um jogador que anotou mais de quarenta gols no ano passado, 23 somente no brasileirão. Isso sem falar nas assistências. Ou seja: graças ao atendimento à exigência de Jonas, o Grêmio teve um atacante de ponta durante todo o ano passado. Caso Jonas ouvisse um não na época da prorrogação, talvez não estivéssemos na libertadores desse ano.

Assim, estou eximindo a direção anterior. No entanto, Jonas errou. E seu erro não foi a saída do Grêmio, mas abandonar o clube há dois dias de uma final, que é a pré-libertadores. Isso é falta de espírito de equipe e de respeito com o torcedor. A impressão é que Jonas sempre esperou o momento certo para se vingar daqueles que corneteavam-no, e esse momento dar-se-ia em dois tempos: o primeiro, com a o bom futebol em campo; o segundo, com uma apunhalada nas costas. O primeiro vem sendo cumprido há dois anos, mas somente agora é que Jonas ganhou a confiança do mercado, a qual o preencheu da mesma confiança para, então, dar às costas ao tricolor dos pampas.

Assim como Assis nutre um ódio pelo Grêmio, cujas origens "conspiratórias" foram bem explicadas pelo colunista Paulo Santanna, da Zero Hora, Jonas também é uma criança traumatizada e rancorosa, a qual aguardou um momento de fraqueza e, de certa forma, confusão do Grêmio pós-furacão Ronaldinho para deixá-lo na mão.

Enfim, se Jonas, ao final do ano passado, tivesse esclarecido que não ficaria no Olímpico e negociaria a sua saída, não haveria sentimento de traição, mas a compreensão pela atitude visivelmente profissional.

Jonas, eu, como gremista, era seu fã. Não o odeio, mas fiquei desapontado pela sua atitude, não a de sair do Olímpico, mas a de fazê-lo às vésperas da estreia na pré-libertadores (um mata-mata, uma final, onde qualquer tropeço pode ser fatal). Dessa vida nada se leva, tampouco o orguho, a glória e a riqueza. Quando morremos, nosso corpo vira cinza e ao pó retornamos. No entanto, nosso legado permanece para sempre. O problema é que ele pode ser bom ou ruim. Você fez a sua escolha junto à torcida gremista. Seu legado de 78 gols ficará em segundo plano. Futebol é paixão.

Que seu travesseiro seja suficientemente confortável para o peso da sua consciência.

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

A HISTÓRIA DA MINHA VIDA #1: PRÓLOGO

Toda história tem um prólogo. Não é possível imaginarmos que qualquer fato tenha uma origem em si mesmo, sem nenhum motivo anterior. Nem mesmo o universo (e a sua história) vieram do nada: Deus deu o pontapé inicial, e apenas Ele, Deus, não tem uma razão externa para existir, pois é eterno e fora da natureza. Nossa história não começa no nascimento, mas vem de muito antes. Na verdade, seria possível dizer que, caso quiséssemos, sinceramente, elaborar um prólogo fiel de nossas vidas, seria preciso retornar à origem do universo. No entanto, por razões óbvias, se a ideia é criar alguma introdução para a nossa biografia (ou simples livro de memórias), então imagino que o melhor a fazer é limitá-la aos nossos pais, pois são nossas referências biológicas e sociais mais diretas. Minha vida, ou o projeto que se tornaria a minha vida, começou no dia em que meus pais se conheceram, pois ali se encontrava a grande e objetiva propulsão que resultaria, cerca de dez anos depois, no meu enc...

INSPIRAÇÃO, POR ONDE ANDAS?

Como já é possível perceber, estou há muito tempo sem escrever por aqui. Não é apenas por esse canal: eu realmente não mais tenho conseguido palavras para expressar, por meio de textos, meus pensamentos (e garanto que não são poucos!). É interessante que, falando, ou melhor, dialogando com alguém, eu consigo trazer à tona diversas reflexões sobre os mais variados assuntos, mas ultimamente tem sido um sacrifício transportá-las para o "papel".  Estou há poucos dias de férias e resolvi, com o fim de apenas entreter-me, acessar esse meu blog e conferir meus textos antigos. Fiquei impressionado. "Quem é esse que escreve tão bem?", perguntei-me. Sem falsa modéstia, tenho o dom da escrita, ou ao menos tinha, pois parece-me que tal dom "escapou-me pelos dedos", como se o teclado em que digito ou a folha sobre a qual passeia a caneta que venho a empunhar emanassem um sopro de desinspiração, esvaziando a minha mente. "Onde eu estava mesmo...?" é a pergun...

TIA NOECI, HENRIQUE E EU

  Enquanto eu e o Henrique almoçávamos assistindo ao Chaves e ao Chapolin, lá estavas tu, convencendo o meu irmão a, para a comida, dizer “sim”, antes que eu desse cabo aos restos a serem deixados por ele que, diante de uma colher de arroz e feijão, insistia em falar “não”. Enquanto eu e o Henrique estávamos na escola, durante a manhã, na época do Mãe de Deus, tu arrumavas a bagunça do nosso quarto, preparando-o para ser desarrumado outra vez. Então, quando desembarcávamos da Kombi do Ademir, tu, não sem antes sorrir, nos recebias cheia de carinho e atenção, e dava aquele abraço caloroso que transmitia o que havia no teu coração. Enquanto eu e o Henrique, em tenra idade escolar, tínhamos dificuldades nos deveres de casa, tu estavas lá, nos ajudando a ler, escrever e contar, pois, embora a humildade seja tua maior virtude, ela era muito menor do que tua doação. Sabias que, em breve, não mais conseguirias fazê-lo, mas, até lá, com zelo, estenderias tuas mãos. Enquanto eu e o Henri...