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CAVALEIROS DA VIRTUDE: UMA INTRODUÇÃO

 


“Os Cavaleiros do Zodíaco” (CdZ) foi o desenho animado de maior repercussão da minha infância. Eu diria que foi mais que isso. Tratou-se de um movimento, uma cultura, algo que se inseriu no cotidiano das crianças de maneira impressionante para uma época desprovida de redes sociais. Porém, naquele tempo, havia uma grande polêmica sobre a “violência” da animação, com muitos pais preocupados sobre sua influência sobre as crianças. Hoje eu sou um pai e até entendo o que, no passado, achava sem sentido. Agora, o legado de CdZ está na violência e na meramente boa história? Não. O que a série clássica deixou aos seus fãs foi uma coleção de ensinamentos virtuosos.

 Quando falo na série clássica (a dos anos 80), refiro-me a do mangá original e suas três “temporadas” (Santuário, Poseidon e Hades) e, no anime, quatro (acrescentaram a fase Asgard, entre o Santuário e Poseidon). Irei desconsiderar, mesmo que canônicas, as continuações e spin offs lançados a partir dos anos 2000, com a exceção da saga de Hades, pois, nesse último caso, tratou-se, apenas, da adaptação da saga original lançada na sequência das demais, também na década de 80.

 Assim, iniciarei uma série de crônicas em que dissecarei toda a lição de virtudes que identifico em CdZ. E o ensino de virtudes é muito mais valioso do que simplesmente ensinar uma mera atitude, ou direcionar um comportamento. Também não é, no anime, a mera dramatização de uma cartilha a ser propagada, de uma busca por “lacrar” (quem assistiu ao remake de “He-Man” e do próprio Saint Seiya entende do que estou falando). As virtudes promovidas na versão original de CdZ tocam o âmago de nossas almas, como, por exemplo, faz Tolkien em seu universo e, desse modo, influenciam-nos positivamente. Isso porque o ensino de uma “boa ação”, por exemplo, sem que a virtude por trás disso seja revelada e provocada, pode, na verdade, nos levar a um espírito de tirania que, ao cabo, terá efeitos diversos daqueles supostamente visados.

 A primeira crônica explorará as virtudes promovidas na jornada de Seiya e, nas seguintes, irei me dedicar àquelas apresentadas por Shiryu, Ikki, Shun, Hyoga e outros personagens. Serão várias crônicas, e, garanto, riquíssimas. Elas também serão publicadas em meu novo perfil no Instagram, o @cronicapop, que se dedicará especificamente a temas como esse, ou seja, sobre o que a cultura pop (séries, filmes, músicas e todo tipo de manifestação cultural que esteja, ou já esteve, na boca do povo) nos transmite, de bom e ruim.

 Aguardem!

*Imagem: https://jovemnerd.com.br/nerdbunker/kurumada-sugere-uma-nova-serie-especial-de-os-cavaleiros-do-zodiaco/

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