Pular para o conteúdo principal

FADADOS À EXTINÇÃO? NÃO HOJE.

 


“Top Gun: Maverick” não é simplesmente excelente, mas se apresenta como uma aula de sabedoria. Isso é revelado logo no início da obra, quando o protagonista ouve de um superior, encenado por Ed Harris, que pessoas como Maverick estariam fadadas à extinção. O herói responde: “Pode ser. Mas não hoje”. A frase é proposital e provoca uma resistência que não se limita ao personagem interpretado por Tom Cruise, mas às virtudes que ele representa.

 Por vezes, sentimo-nos agredidos por um mundo que promove supostas certezas claramente desconexas da verdade que testemunhamos e sentimos. Parece que, se não nos adaptarmos a ideias apresentadas como modernas, estaremos fadados à penúria, ao exílio ou, até mesmo, à morte. O filme, no entanto, nos lembra que, embora, de fato, talvez seja esse o nosso destino, resistir a isso é uma imposição das virtudes que nossos espíritos genuinamente demandam. Quais?

 O filme responde: coragem, realismo, humildade, companheirismo, confiança, amor, perdão, sacrifício, redenção. Exagerei? Os que assistiram à obra sabem que não; os que ainda não, também, afinal, é exatamente isso o que os seus corações sussurram aos seus ouvidos.

 Sem coragem, não são rompidos limites e nem tomadas decisões cruciais; desprovidos de realismo, somos absorvidos por ilusões que nos impedem de enxergar os verdadeiros desafios a serem superados; a falta de humildade nos leva à cegueira a respeito de nossas capacidades e limitações; a ausência de companheirismo gera solidão, e ninguém obtém nada apenas com suas próprias pernas; sem confiança, tendemos a destruir todos ao nosso redor, culminando em nós mesmos; na falta de amor, nossa existência acaba engolfada por tecnicidades e ilusões, restando desprovida de sentido; ao ignorar o perdão, criamos o monstro do rancor, ávido pelas vísceras de nossas almas; e sem sacrifício, simplesmente não há redenção.

 Sim, é verdade que aqueles que têm esses clamores em seus espíritos de repente estejam fadados ao fim. Isso significa que eles estejam errados? Claro que não. Uma bússola quebrada ou adulterada não muda o norte. Cabe àqueles que conhecem o caminho seguir adiante e mostrá-lo aos demais, até o último passo do último homem.

 Esse derradeiro dia, porém, se vier a acontecer, não será hoje.

* Imagem: https://tenor.com/view/not-today-no-not-gonna-happen-not-happening-never-gonna-happen-gif-14587909

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

CASAMENTO É UMA MARATONA

  Ontem o dia foi corrido e realmente não deu para fazer a reflexão a partir de um #tbt. Porém, por que não um #fbf (Flashback Friday)? A vida já é dura demais para condicionarmos lembranças a dias específicos da semana! Pois na quarta-feira escrevi sobre símbolos e me inspirei na linda celebração de casamento que fiz na @loja_loveit, entre a @adrianasviegas e o @tales.viegas e, claro, a lembrança da semana, precisava ser a deles.   Pra quem não sabe, os dois se conheceram e, mais tarde, iniciaram seu namoro a partir de maratonas, e esse esporte muito tem a ensinar quando se fala em relacionamentos e, claro, matrimônio.   Em uma maratona, em meio a confusão da largada, a única certeza é a incerteza acerca do que virá nos primeiros metros ou nos quilômetros finais da prova. Logo nos primeiros passos, é possível que tropecemos em algum atleta que venha a tombar, podemos ficar ansiosos ante a dificuldade em avançar rapidamente, e é difícil prever precisamente qual será o...

Dica de Tiras - High School Comics

Essa tira foi desenhad a por um amigo meu, Rodrigo Chaves, o qual realizou tal trabalho em parceria com outro artista, Cláudio Patto. Acho simplesmente excelente essa série de tiras chamada "High Shool Comics", que trata do cotidiano da vida escolar, sempre com bom humor. Mereceria aparecer todos os dias nos jornais, sem dúvida. Se a visualização não ficou boa, cliquem na imagem. Querem ver mais? Então acessem: http://contratemposmodernos.blogspot.com .

POR QUE A FANTASIA?

  Amanhã é natal, e duas imagens me vêm à cabeça: a do presépio e a do Papai Noel. Claro que a primeira é muito mais importante do que a segunda, mas a nossa cultura está aí e é inevitável pensarmos no barbudinho de vermelho. Quando alimentamos o símbolo do Papai Noel, alimentamos a fantasia, e não se trata de uma fantasia qualquer. As crianças crescem ouvindo sobre ele, o trenó, os duendes, o Polo Norte, a descida pela chaminé e tudo o mais, até que, um dia, vem a aguardada pergunta, o rompimento de uma fronteira do seu amadurecimento, e nada nos resta a não ser dizer a verdade. Lembro-me de quando fiz a pergunta e da tristeza ao ouvir a resposta, recordo-me da reação ainda mais decepcionada e revoltada do meu irmão, e temo por isso quando chegar o momento da revelação para as minhas filhas. Então, por que alimentamos essa fantasia? Tolkien entendia de fantasia. Sem fazer uso de alegorias como as do seu amigo C. S. Lewis, ele queria desenvolvê-la como uma ilustração da Verdade ...