Recentemente, um dado revelou que, desde 2012, a maior parte dos casais dos EUA se conheceu on line. Isso significa que, antes do primeiro encontro, uma série de requisitos listados por cada um deles já se encontrava superado, como aparência, formação intelectual, interesses em comum, distância, renda, religião. Logo, aproximando duas pessoas que deram “match”, o resultado só poderia ser um acerto preciso, não é mesmo? Nem sempre.
Na comédia “Quero ficar com Polly” (2004), o protagonista Reuben (Ben Stiller), um avaliador de riscos de uma seguradora, embora apaixonado por Polly (Jennifer Aniston), trava ao constatar diferenças que poderiam inviabilizar aquele relacionamento, embora os sinais do seu namoro indicassem o contrário. Por outro lado, Lisa (Debra Messing), sua ex-esposa e que com ele fora infiel em plena Lua-de-Mel, ressurge e, por ser mais parecida com ele, enche-o de dúvidas. Em vez de confiar no seu coração e na sua intuição, ele busca a opinião do seu software securitário de avaliações de risco, e baseado nele, e não no que as evidências lhe indicavam, opta por Polly, que, ao descobrir isso, gera aquela crise típica de penúltimo ato de filme, a qual, claro, é contornada. No final, Reuben e Polly ficam juntos, pois aquilo que os une é mais profundo e simples do que as suas aparentes incompatibilidades.
Recursos como os app de relacionamentos facilitam a vida de quem procura alguém, mas o que realmente se busca dificilmente é lido por esses algoritmos. A verdade é que, por trás de supostas compatibilidades, há indivíduos com características próprias, os quais, ainda que diferentes, podem melhorar seus pares ou por eles serem melhorados.
Conheci minha esposa na noite e estamos juntos há quase 20 anos. Embora fôssemos bem diferentes, aos poucos fomos nos influenciando e melhorando mutuamente, e o que construímos, embora imperfeito, é lindo, a começar pelas nossas filhas. Certamente, jamais teríamos nos cruzado se tivéssemos feito uso dos atalhos dessas tecnologias. Teríamos encontrado pares melhores? Nunca saberei e nem me interessa.
Ainda que as compatibilidades detectadas pelos app de relacionamentos gerem mais segurança, considerá-los um oráculo é uma ingenuidade, pois se é exagero dizer que os opostos se atraem, não é ao afirmar que, havendo valores em comum, os diferentes podem se complementar.
Portanto, se o seu coração, se a sua intuição, se o que você entende como um sussurro de Deus no seu ouvido, indica que vale a pena tentar mesmo que o app diga o oposto, dê uma chance. Como acontece no final de “Quero ficar com Polly”, aceite sair para jantar. Quem sabe não será a primeira noite do resto de suas vidas?
* Imagem 1(GIF): https://makeagif.com/gif/along-came-polly-58-best-movie-quote-salsa-dancing-scene-2004-w4sBqV
**Imagem 2: https://www.statista.com/chart/20822/way-of-meeting-partner-heterosexual-us-couples/
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