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EU, EU MESMO E AS REDES

“Eu, Eu Mesmo & Irene” é uma das melhores comédias da história, segundo o instituto de pesquisas Eu & Eu Mesmo. Concordo plenamente! A obra nos faz rir do começo ao fim, e a considero o ápice dos talentosos Irmãos Farrelly, que nos levam às gargalhadas porque sabem como somos e escolhem gênios como Jim Carrey para transmitir suas mensagens com ironia e bom humor.   O filme conta a história de Charlie (Jim Carrey) um policial bonzinho (e inegavelmente bundão) que, lá pelas tantas, tem um colapso nervoso que desperta uma segunda personalidade (Hank), a versão sem filtro (nem moral) do primeiro. Já medicado, a Charlie é dada uma última missão antes de gozar das férias impostas por sua chefia: conduzir Irene (Renée Zelweeger), jovem ex-namorada de um mafioso, até outra cidade. Após esquecer o remédio que controla seu transtorno, começa a confusão.   Mais do que uma brincadeira, o filme nos leva a pensar sobre dupla personalidade. Afinal, ela está presente apenas em q...

A QUEDA DA NOSSA NÚMENOR

  Ontem falei sobre a história de Númenor, relatada no conto “Akallabêth” (presente em “O Silmarillion”), um arco importante da Segunda Era do universo criado por J. R. R. Tolkien e que antecede as histórias conhecidas pela maioria das pessoas e narradas em “O Hobbit” e “O Senhor dos Anéis”. Encerrei com a provocação sobre a presença de Sauron entre nós. Porém, onde estaria a nossa Númenor?   Sauron sabia que o poder do povo de Númenor estava enraizado na memória da virtude plantada em seus corações, simbolizada em Nimloth, a Árvore Branca que reluzia nos pátios do rei, e na fidelidade aos mandamentos dos Valar e, acima de tudo, a Ilúvatar, o único digno de ser cultuado. Enquanto essa chama tremulasse e o brilho da verdade iluminasse os caminhos de seus inimigos, força bélica alguma os derrubaria, afinal, nenhum exército é capaz de fazer sucumbir uma civilização virtuosa, pois sua alma segue de pé mesmo após a queda de seu último homem, disposta a, com seu sopro, tocar os co...

NÚMENOR E O MAL QUE VEM DE DENTRO

  Poucas séries são mais aguardadas do que a produção de “O Senhor dos Anéis” que vem sendo desenvolvida pela Amazon Prime. Com lançamento previsto para 02/09/2022, a história se passará durante o período classificado por Tolkien como a Segunda Era, e certamente abordará o Reino de Númenor, vulgarmente chamado de a “Atlântida” do criador da Terra-Média.   A história de Númenor, relatada no conto “Akallabêth” (presente em “O Silmarillion”), fala, em resumo, de uma civilização humana não apenas técnica, mas moralmente avançada, erguida após os traumas da grande guerra travada contra Morgoth, o primeiro Senhor do Escuro. Sauron, o braço-direito de Morgoth, após uma série de eventos, em vez de resistir, entregou-se, sendo levado em cativeiro para Númenor, onde, aos poucos, apresentando-se com brilho e beleza, e não em sua bestialidade original, a seduziu e corrompeu, levando-a ao seu colapso.   Como a lenda de Atlântida, a de Númenor trata da submissão do homem ao seu suposto...

O PODER ESTÁ DENTRO DE NÓS?

  He-Man, ícone da década de 80, sempre foi alvo de tentativas de “modernização”, e, em 2021, a Netflix trouxe duas delas. Sobre o desserviço de “Mestres do Universo: Salvando Eternia”, posso dizer que é apenas mais uma panfletagem que se revela a cada diálogo e no corpanzil de MMA de Teela, sua verdadeira protagonista. Talvez já prevendo seu fracasso, menos de dois meses depois veio o verdadeiramente novo “He-Man e os Mestres do Universo”, todo em CGI. Aí a coisa muda de figura.   Apresentando um Príncipe Adam e aliados adolescentes, traz uma origem para He-Man, e, embora presentes, os “Poderes de Grayskull” se confundem com alta tecnologia, deixando aquela pulga sobre o que transcenderia a matéria e o que seriam fenômenos simplesmente incompreendidos e manipulados pela engenharia avançadíssima de Eternia. A ideia da série foi legal e criativa, e muito de seu cerne está na origem do poder que turbina não só Adam e Pacato, mas todos os seus amigos. Seria magia ou a tecnologi...

BARBÁRVORE E O DIA DA ÁRVORE

  Como sempre, atravessei o dia 21 de setembro sem conferir aquele asterisco no calendário. Ao buscar minha filha na escola, ela, toda empolgada, disse ter desenhado uma árvore, afinal, era o Dia da Árvore. Abri um sorriso de orgulho e, após assistir a uma aula sobre Tolkien, pensei que seria bom falar sobre uma das partes mais chatas, porém profundas, de “O Senhor dos Anéis” (SdA).   Em “As Duas Torres”, o capítulo “Barbárvore” foi a grande barreira em minha jornada pela Terra-Média. Monótono e interminável, fez-me ler duas ou três páginas por dia apenas para cumprir sua travessia. O tempo passou, superei o capítulo e segui adiante. Como Merry e Pippin, amadureci. Não, não mudei de opinião e ainda acho o capítulo muito chato. A diferença é que sua chatice é artisticamente bem construída por Tolkien, ilustrando nossa falta de paciência e a relatividade do tempo. O homem moderno vive em ritmo industrial e quer tudo para ontem. Hoje, então, muito mais do que na época do criado...

ORGULHO DE SER GAÚCHO

  Ontem, 20 de setembro, vimos borbulhar reflexões como “comemorar o quê?”, “a verdade sobre a Revolução Farroupilha”, entre outras. Tudo para macular um dia em que os gaúchos orgulhosamente celebram a nação que os une.   O leitor tem orgulho de sua família? Apesar das diferenças entre seus membros e previsíveis imperfeições, ele provavelmente dirá que sim e que ela é digna de ter sua história e ensinamentos valorizados. Pois um orgulho nacional é a mesma coisa. “Nacional” vem de “nação”, e uma nação é um povo que divide uma história, valores e cultura relativamente comuns. Ou seja, toda nação é, em certa medida, uma grande família, e orgulhar-se dela não é ignorar seus erros, mas valorizar os fundamentos virtuosos compartilhados por quem se identifica como pertencente a ela e a um liame histórico e cultural que conecta o passado ao presente, apontando, com segurança, para o futuro.   Ao cantarmos que, aqui, “tudo que se planta cresce e o que mais floresce é o amor”, ...

A PORTA PARA A ESCURIDÃO

  Na última sexta-feira, falei sobre Matrix (1999) e toda a sabedoria envolvida na ideia da pílula vermelha. Um ano antes, porém, uma obra-prima que aborda a mesma ideia nos foi dada: “O Show de Truman” (1998).   Estrelada por Jim Carrey, a ficção conta a história de Truman Burbank, um homem que não sabe que tudo ao seu redor é uma simulação, tampouco que é a estrela de um reality show produzido em um mundo cenográfico onde todas as pessoas são atrizes e figurantes, nenhuma amizade é real, mas encenada, e o próprio céu, o sol e lua são artificiais. Após algumas “falhas da produção”, ele passa a buscar a verdade.   No clímax do filme, Truman é encarado pela realidade nua e crua, materializada na voz de Christof (Ed Harris), criador do programa, onde lhe é ofertado seguir naquele mundo perfeito ou rumar ao desconhecido do real. Apesar da notável semelhança entre as jornadas de Neo e Truman, enquanto o primeiro opta pela verdade que literalmente bate à sua porta, encaran...