Crônicas, contos, poesias e algo mais.
Por RENAN E. M. GUIMARÃES.
Pesquisar este blog
EU, EU MESMO E AS REDES
“Eu, Eu Mesmo & Irene” é uma das
melhores comédias da história, segundo o instituto de pesquisas Eu & Eu
Mesmo. Concordo plenamente! A obra nos faz rir do começo ao fim, e a considero
o ápice dos talentosos Irmãos Farrelly, que nos levam às gargalhadas porque sabem
como somos e escolhem gênios como Jim Carrey para transmitir suas mensagens com
ironia e bom humor.
O filme conta a história de Charlie
(Jim Carrey) um policial bonzinho (e inegavelmente bundão) que, lá pelas
tantas, tem um colapso nervoso que desperta uma segunda personalidade (Hank), a
versão sem filtro (nem moral) do primeiro. Já medicado, a Charlie é dada uma
última missão antes de gozar das férias impostas por sua chefia: conduzir Irene
(Renée Zelweeger), jovem ex-namorada de um mafioso, até outra cidade. Após
esquecer o remédio que controla seu transtorno, começa a confusão.
Mais do que uma brincadeira, o filme
nos leva a pensar sobre dupla personalidade. Afinal, ela está presente apenas
em quem tem o tal Transtorno Dissociativo de Identidade?
Olha, pelo que vejo nas redes
sociais, acho que a coisa é mais comum do que parece. É o que percebo ao me
deparar com muitas postagens de pessoas que conheço há anos. Sério, é tão
chocante que me sinto como a mãe sem-noção da espetacular cena da primeira
transformação de Charlie em Hank (a do “VagiClean”). Assim, quem seriam as
verdadeiras pessoas que mantemos em nossas redes? As que conhecemos
pessoalmente ou as bestializadas por suas postagens lacradoras?
Claro, não estou julgando o mérito
das opiniões. O problema não é esse. O que me incomoda não é um Charlie botando
pra fora seus sentimentos, mas um Hank convertendo essa necessidade de expressão
em um vômito de estupidez. Quando uma opinião é compactada em rótulos antecedidos
de hashtags vazias e desacompanhadas de argumentos, tudo o que vemos é um
troglodita virtual que, para se afirmar, precisa ferir burramente os outros. Esses
trogloditas nas redes geralmente são pessoas agradáveis pessoalmente, boas de
conversar, educadas. Charlies, portanto. Porém, quando contrariados no mundo
virtual, aquela musiquinha “Fire like this (we’re gonna rock you)” toca a toda
nas suas mentes, e o resultado é um Hank que confunde dizer o que pensa com
atitudes destrutivas. Essas atitudes não são apenas as grosserias, mas as
indiretinhas, ironiazinhas, enfim, as lacrações imbecis.
Com muito bom humor, “Eu, Eu Mesmo
& Irene” nos mostra que devemos dar vazão aos nossos sentimentos e,
especialmente, em vez de fugirmos, encararmos com coragem as frustrações e
desafios que se erguem diante de nós. Porém, isso não se confunde com despertar
(e cultivar) uma personalidade exclusivamente dedicada a isso e que ignore os
princípios mais básicos que nos sustentam. Olhe-se no espelho e pergunte-se se aquele
que posta nas redes com tanta arrogância e insensibilidade é o mesmo que deseja
um carinhoso feliz aniversário a quem pensa diferente. Se a resposta for não,
saiba que seu Hank egocêntrico, estúpido e autoritário é quem assume o comando
após o login. Cuidado, pois ele não quer dividir espaço com o seu Charlie, e,
daqui a pouco, estará dirigindo a sua vida por completo.
Toda história tem um prólogo. Não é possível imaginarmos que qualquer fato tenha uma origem em si mesmo, sem nenhum motivo anterior. Nem mesmo o universo (e a sua história) vieram do nada: Deus deu o pontapé inicial, e apenas Ele, Deus, não tem uma razão externa para existir, pois é eterno e fora da natureza. Nossa história não começa no nascimento, mas vem de muito antes. Na verdade, seria possível dizer que, caso quiséssemos, sinceramente, elaborar um prólogo fiel de nossas vidas, seria preciso retornar à origem do universo. No entanto, por razões óbvias, se a ideia é criar alguma introdução para a nossa biografia (ou simples livro de memórias), então imagino que o melhor a fazer é limitá-la aos nossos pais, pois são nossas referências biológicas e sociais mais diretas. Minha vida, ou o projeto que se tornaria a minha vida, começou no dia em que meus pais se conheceram, pois ali se encontrava a grande e objetiva propulsão que resultaria, cerca de dez anos depois, no meu enc...
Como já é possível perceber, estou há muito tempo sem escrever por aqui. Não é apenas por esse canal: eu realmente não mais tenho conseguido palavras para expressar, por meio de textos, meus pensamentos (e garanto que não são poucos!). É interessante que, falando, ou melhor, dialogando com alguém, eu consigo trazer à tona diversas reflexões sobre os mais variados assuntos, mas ultimamente tem sido um sacrifício transportá-las para o "papel". Estou há poucos dias de férias e resolvi, com o fim de apenas entreter-me, acessar esse meu blog e conferir meus textos antigos. Fiquei impressionado. "Quem é esse que escreve tão bem?", perguntei-me. Sem falsa modéstia, tenho o dom da escrita, ou ao menos tinha, pois parece-me que tal dom "escapou-me pelos dedos", como se o teclado em que digito ou a folha sobre a qual passeia a caneta que venho a empunhar emanassem um sopro de desinspiração, esvaziando a minha mente. "Onde eu estava mesmo...?" é a pergun...
Enquanto eu e o Henrique almoçávamos assistindo ao Chaves e ao Chapolin, lá estavas tu, convencendo o meu irmão a, para a comida, dizer “sim”, antes que eu desse cabo aos restos a serem deixados por ele que, diante de uma colher de arroz e feijão, insistia em falar “não”. Enquanto eu e o Henrique estávamos na escola, durante a manhã, na época do Mãe de Deus, tu arrumavas a bagunça do nosso quarto, preparando-o para ser desarrumado outra vez. Então, quando desembarcávamos da Kombi do Ademir, tu, não sem antes sorrir, nos recebias cheia de carinho e atenção, e dava aquele abraço caloroso que transmitia o que havia no teu coração. Enquanto eu e o Henrique, em tenra idade escolar, tínhamos dificuldades nos deveres de casa, tu estavas lá, nos ajudando a ler, escrever e contar, pois, embora a humildade seja tua maior virtude, ela era muito menor do que tua doação. Sabias que, em breve, não mais conseguirias fazê-lo, mas, até lá, com zelo, estenderias tuas mãos. Enquanto eu e o Henri...
Excelente!
ResponderExcluir