Crônicas, contos, poesias e algo mais.
Por RENAN E. M. GUIMARÃES.
Pesquisar este blog
MORTAL KOMBAT E OS SENHORES DO DESTINO
Assisti
a Mortal Kombat pela primeira vez em novembro de 1995, e jamais imaginaria que
um filme infantil de luta baseado em um game seguiria ecoando em minha vida.
Um
arco importante da história é a busca de Liu Kang (Robin Shou) por vingança
contra Shang Tsung (Cary-Hiroyuki Tagawa), o qual matara o seu irmão mais novo,
Chan (Steven Ho), que, sem ainda estar pronto, desafiara o feiticeiro. A culpa
e o ódio o cegam o herói, e Raiden (Christopher Lambert) o alerta de que
perderia se assim continuasse, ensinando-o que “cada homem é dono do seu próprio destino”. Então, quando o vilão se
transfigura em Chan e alimenta o remorso de Kang, este repele o inimigo
proferindo o provérbio do deus do trovão.
Então?
Seríamos realmente donos do nosso destino? Tendemos a pensar que destino tem a
ver com o êxito ou o fracasso que nos espera. Para alguns, a frase seria um
slogan para meritocracia. Porém, é mais do que isso.
Viktor
Frankl, em sua obra mais famosa, “Em busca de sentido: um psicólogo no campo de
concentração”, narra como sobreviveu a Auschwitz e Dachau e explica, em suma,
que a força que o movia era encontrar sentido no que acontecia na sua vida. Frankl
não tinha domínio sobre o que lhe reservava, afinal, a qualquer momento poderia
levar um tiro gratuito na nuca. Mesmo assim, aquilo que estava ao seu alcance e
o seu entendimento acerca de sua própria vida e do que fazia com ela em seu
infernal dia-a-dia era algo apenas seu. Ele era o senhor do seu destino ainda
que o que o aguardasse pudesse ser dor, humilhação e morte, pois quem fazia sua
jornada não eram seus inimigos, mas ele mesmo.
Ser
dono do destino não significa ter poder sobre o que nos aguarda, mas sobre o
que fazemos para chegar aonde queremos. Nunca teremos certeza de que um objetivo
será alcançado e, às vezes, sequer sabemos exatamente que alvo seria esse, mas
a jornada é nossa, sempre será. É por isso que Liu Kang também fala, na derradeira
luta contra Shang Tsung, que não temia o seu destino. Isso é fundamental,
afinal, aquele que é dono do seu destino não o teme, não importando o que ele
seja.
Claro,
isso não se confunde com o provérbio de Zeca Pagodinho, o famoso “Deixa a vida
me levar, vida leva eu”. Somos nós que levamos a vida, embora não tenhamos
pleno poder sobre o que nos aguarda. No entanto, a compreensão sobre os
significados que nos envolvem e a percepção ou, no mínimo, reflexão livre e consciente
a respeito do propósito de nossas vidas, mesmo se severamente limitados por
pesadas correntes nas profundezas da mais sombria masmorra, liberta as nossas
almas da escravidão tal qual fizera Liu Kang com aquelas aprisionadas por Shang
Tsung.
Sim,
cada pessoa é dona do seu próprio destino, pois cada uma é responsável pela sua
própria jornada. Se não há como sabermos o que nos espera na linha de chegada,
certamente está ao nosso alcance caminharmos, até lá, com responsabilidade, coragem
e sabedoria.
Enquanto eu e o Henrique almoçávamos assistindo ao Chaves e ao Chapolin, lá estavas tu, convencendo o meu irmão a, para a comida, dizer “sim”, antes que eu desse cabo aos restos a serem deixados por ele que, diante de uma colher de arroz e feijão, insistia em falar “não”. Enquanto eu e o Henrique estávamos na escola, durante a manhã, na época do Mãe de Deus, tu arrumavas a bagunça do nosso quarto, preparando-o para ser desarrumado outra vez. Então, quando desembarcávamos da Kombi do Ademir, tu, não sem antes sorrir, nos recebias cheia de carinho e atenção, e dava aquele abraço caloroso que transmitia o que havia no teu coração. Enquanto eu e o Henrique, em tenra idade escolar, tínhamos dificuldades nos deveres de casa, tu estavas lá, nos ajudando a ler, escrever e contar, pois, embora a humildade seja tua maior virtude, ela era muito menor do que tua doação. Sabias que, em breve, não mais conseguirias fazê-lo, mas, até lá, com zelo, estenderias tuas mãos. Enquanto eu e o Henri...
Eu olhava para eles, e eles, para mim. Não sorriam, mas também não choravam. Apenas aguardavam, resignadamente, pela minha decisão. Estavam todos ali, amontoados no armário cujas portas, naquele momento, eram mantidas abertas. Encarando-os, via-me dividido, pois persistia, em mim, uma certa vontade de dar asas à imaginação e criar mais uma história com meus Comandos em Ação, meu Super-Homem, meu Batman, o Robocop. Porém, paradoxalmente, uma força interior impedia-me de fazê-lo. Sentia-me tímido e desconfortável, mesmo na solidão do meu quarto, onde apenas Deus seria testemunha de mais uma brincadeira . TRRRIIIIMMMM! O chamado estridente do telefone, daqueles clássicos, de discar, quase catapultou meu coração pela boca. De repente, fui abduzido pela realidade e resgatado de meus pensamentos confusos. Atendi. “ Oi, Renan! É o Harry!”, identificou-se meu velho amigo e, na época, também vizinho e parceiro de molecadas na Rua Edgar Luiz Schneider. “ V amos brincar de esconde-e...
Recentemente, um dado revelou que, desde 2012, a maior parte dos casais dos EUA se conheceu on line. Isso significa que, antes do primeiro encontro, uma série de requisitos listados por cada um deles já se encontrava superado, como aparência, formação intelectual, interesses em comum, distância, renda, religião. Logo, aproximando duas pessoas que deram “match”, o resultado só poderia ser um acerto preciso, não é mesmo? Nem sempre. Na comédia “Quero ficar com Polly” (2004) , o protagonista Reuben ( Ben Stiller ) , um avaliador de riscos de uma seguradora, embora apaixonado por Polly ( Jennifer Aniston ) , trava ao constatar diferenças que poderiam inviabilizar aquele relacionamento, embora os sinais d o seu namoro indicassem o contrário. Por outro lado, Lisa (Debra Messing), sua ex-esposa e que com ele fora infiel em plena Lua-de-Mel, ressurge e, por ser mais parecida com ele, enche-o de dúvidas. Em vez de confiar no seu coração e na sua intuição, ele busca a opinião do seu ...
Comentários
Postar um comentário