Ninguém se lembra dos seus primeiros
passos, da sua primeira palavra ou coisa assim. Sobre os primórdios de nossas
vidas, recordamos de pouco, especialmente aqueles anteriores ao nosso quinto
aniversário, a partir de quando, no meu caso, arrisco-me a contar meus “causos”
de maneira minimamente cronológica.
Logo, em relação aos meus primeiros
cinco anos, ou talvez quatro, o que chamarei de “primeira infância”, minhas
histórias serão meros “flashes”, simples descrições daquelas lembranças fugazes
que, entendo, precisam ser registradas. Elas influenciaram pequenas coisas na
minha vida, e, vira e mexe, vêm à tona, seja falando sobre algum assunto pertinente,
seja recordando-me à toa quando algum evento qualquer me leva ao passado. No
entanto, no que toca à parte da minha vida a respeito da qual meu cérebro, por
ainda sequer estar pronto, registrou apenas por meio dos meus instintos e
sentidos, mas não concretamente na forma de lembrança, dou-me o direito de, por
meio de fontes externas à minha mente, trazer um pouco da minha história.
A seguir, alguns desses fatos.
I - RUY
Pouco tempo depois do meu nascimento,
muitos familiares foram à Porto Alegre para o meu batizado, entre eles a minha
avó Martha. Também foi a última vez em que minha bisavó Elvira veio ao Rio
Grande do Sul, não porque ela tenha morrido ou coisa assim (faleceria quase
duas décadas depois, aos 98 anos), mas em razão da sua idade e outros problemas
de saúde que não recomendavam uma longa viagem, ainda que de avião. Enfim, uma
parentada compareceu para um evento que, embora eu não tivesse ideia do que se
tratava (imagino que, na época, minha vida se resumia a uma palavra: teta),
hoje agradeço a Deus pelos meus pais terem se preocupado com isso. O batismo
foi o momento em que eles me colocaram nas mãos de Deus e, ao mesmo tempo, se
comprometeram em sempre me guiar a Ele. Bom, mas não vou me alongar nessas
questões aqui, afinal, falarei ainda muito de Deus nesse meu livro de memórias.
Um longo parágrafo depois, vocês devem
estar se perguntando: “Renan, vá direto ao ponto e explique porque esse
capítulo se chama 'Ruy'”! Certo, explicarei!
Dizem as testemunhas que ainda
caminham entre nós que quando nasci minha cabeça era, digamos, um pouco
“avantajada”. Grande. Ok, eu era um mini-craque da Coca-Cola (lembram dos
bonequinhos? Não sabe do que falo? Então pesquise na internet), mas que bebê
não é? Vocês não? Mentirosos! Certo, não vou discutir. A verdade era essa.
Ocorre que, apesar de não haver quem
negasse esse fato, minha avó Martha resolveu rebatizar-me. O nome que meus pais
escolheram para mim é Renan, como vocês devem saber. Originalmente seria
Renato, mas o problema é a confusão que geraria pelo fato de meu pai se chamar Paulo
Renato e, para muitos, atender simplesmente por Renato. Logo, e inspirados
também no “Renan do vôlei” (Renan Dal Zotto), atleta que fazia sucesso na época
da “geração de prata” do vôlei brasileiro, ganhei o nome pelo qual vocês me
chamam. Minha avó Martha, no entanto, levando em conta meu crânio, na época,
desproporcional, resolveu inovar, “só para descontrair”. Tratou-se de uma piada
intelectual, culta, mas ainda assim uma piada: eu era chamado de Ruy, em
homenagem ao famoso ex-ministro da fazenda Ruy Barbosa, grande político do
passado e criador do primeiro grande caso de inflação da história brasileira. E
cabeçudo.
Minha avó Martha dizia: “Greta, você
já deu banho no Ruy?”; “Greta, tem que trocar a fralda do Ruy”; “Acho que o Ruy
tem que dormir...”, e por aí ia. Obviamente, embora tenham relevado no início,
aquilo começou a incomodar os meus pais. Então, em um desses momentos de uso do
apelido “carinhoso”, veio o corte:
- Dona Martha, não me leve a mal, mas
o nome do meu filho é Renan, e não Ruy. Então, por favor, pare de chamá-lo
assim – pediu o meu pai. Ela atendeu, e, assim, acabou toda a polêmica. Ruy
Barbosa, só nos livros de História!
II - PRIMEIRO BANHO
Aqui, não me alongarei mais do que um
parágrafo. A “tradição” da família do meu pai era que o meu avô Roberto desse o "primeiro banho" nos seus netos (primeiro banho em casa, é evidente, afinal, eu não fiquei com os resíduos da minha mãe em volta do meu corpo por mais do que poucos minutos depois do meu nascimento). Não sei quando exatamente ocorreu o evento, mas o fato é que foi ele quem me lavou pela
primeira vez (pois lenço umedecido não deve contar para esses fins).
Apenas para constar.
III - A PRIMEIRA RESSACA
Meu aniversário de um ano foi uma
festa e tanto. Quase todos os meus parentes realizaram um bom esforço e
compareceram. Eu não me lembro de nada, é óbvio, mas sei que meus primos
dominaram o ambiente. Na verdade, a expressão que melhor definiria esse
“domínio” seria a seguinte: sujeira.
Meu primo homem mais velho, Carlinhos,
filho do Tio K (um dos irmãos do meu pai) e da Tia Beth, tinha, na época, 07
anos. O que sei é que ele era impossível! Corria para lá e para cá, sempre
fazendo arte e, dizem, liderou a grande guerra de brigadeiros entre primos que
se instaurou na casa da minha família naquele dia. Tal “conflito” terminou com
um mar de brigadeiros esparramados pelo chão. No entanto, a consequência mais
nefasta ainda viria à tona.
Em um certo momento, minha mãe
percebeu que a estrela da festa, ou seja, eu, havia sumido. Desesperada com o
terror dos doces que voavam de um lado a outro, saiu em meu encalço. Uma
criança de um ano não poderia ter ido longe. Ela, enfim, me encontrou sob a
mesa da sala, comendo todos os brigadeiros que encontrava, tal qual um cachorro
ou qualquer outro animal quadrúpede. O resultado disso não viria a ser nada
agradável.
Passada a festa e iniciada a limpeza
da casa, algo começou a não funcionar da maneira adequada em mim, afinal, uma
criança de um ano que recém saíra da teta da mãe precisa de uma alimentação
cuidadosa, prudente, e, como vocês sabem, comer brigadeiros esmagados no chão
não seria nada recomendável para mim ou qualquer neném. Então, veio o
inevitável: uma monstruosa infecção intestinal.
Não entrarei em detalhes, até porque
não os tenho. Não me recordo do fato, mas precisava registrar que a minha
primeira ressaca decorreu do consumo animalesco de doces e foi regada a muito
cocô.
Na
próxima postagem, grandes emoções! Detalhes sobre meu convívio com o Vô
Padrinho, o nascimento do meu irmão Henrique e, ainda, o ingresso na creche
Bolinha de Sabão, quando comecei a me tornar um homenzinho!
Imperdível!!
Até lá!
#ahistoriadaminhavida
#renanemguimaraes
Muito espirituoso e engraçado. Sempre com seu tradicional bom humor! Ruy, Ruy, Ruy...realmente tua cabecinha era um cabeção! Parto normal tem estas coisas...a cabeça fica compriiiidaaa! Kkkk...adorei! Estou recordando as minhas primeiras aventuras como mãe! Te amo! Beijo!!!
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