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DO BOLINHO NA GARAGEM AO CASTELO DE CHANTILLY

 


Hoje é quinta-feira, dia de #tbt, mas não gostaria de lembrar um casamento por mim celebrado, mas de outro: o dos meus pais. 02 de dezembro é o dia em que eles se conheceram, e o matrimônio se deu anos depois e com simplicidade: apenas a cerimônia na igreja seguida de, no próprio salão paroquial, um “coquetel” com bolo, guaraná e espumante suficiente apenas para o brinde. Eles não tinham condições de organizar um grande evento, mas isso não importava: eles queriam casar e celebrar esse casamento.

 Esse é o ponto: por mais que eles se amassem de coração, não lhes parecia suficiente firmar seu matrimônio em cartório ou simplesmente passarem a viver sob o mesmo teto. Era preciso celebrar o casamento, pois reconheciam nele algo sagrado e digno de ser compartilhado com os seus queridos mais próximos.

 É natural que todos sonhem com uma celebração de casamento esteticamente perfeita, e se ela for financeiramente viável para o casal, maravilha! No entanto, a eventual falta de condições para fazê-la não pode significar um tabu e um motivo para adiá-la eternamente, pois ela não é um fim em si mesmo e, se for, bem, então o que se adia não é a celebração, mas um problema que inevitavelmente ocorrerá.

 Do bolinho na garagem ao Castelo de Chantilly, da capelinha paupérrima à mais majestosa das catedrais, do pátio dos fundos ao mais luxuoso salão, o que torna a celebração perfeita é o amor sincero e verdadeiro do casal e sua disposição a, publicamente, encarando tal decisão não como um ato civil, mas sagrado, jurar ao outro “ser fiel, amá-lo e respeitá-lo, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, por todos os dias de sua vida, até que a morte os separe”.

 Meus pais estão juntos até hoje e seu amor permanece firme e regado pelas águas da maturidade. Seu matrimônio nunca foi perfeito, mas eles sempre visaram, com sinceridade, ao seu êxito, e é na jornada que se enxerga a beleza, a bondade e a verdade. Sou grato pelo seu exemplo e considero-o fundamental para que eu e minha esposa busquemos testemunhar às nossas filhas, até o último suspiro, os juramentos que fizemos no altar.

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