As manifestações populares que têm invadido as ruas do país são uma grande demonstração de que o brasileiro não aguenta mais tantos aspectos negativos em suas vidas. No entanto, é preciso refletir sobre uma das demonizações com a qual, sinceramente, antes eu simpatizava, mas a que agora, depois de refletir, me oponho: o antipartidarismo.
Num dos
milhares de textos publicados no dia de hoje sobre os protestos, li algo de
fato verdadeiro: uma democracia se faz com partidos, e sem eles não há democracia,
mas uma ditadura. Mais: a atitude de muitos manifestantes de queimar bandeiras
de partidos lembra Getúlio Vargas, Hitler, as ditaduras comunistas etc. A
rigor, um partido representa a forma institucional, uma bandeira prática de
determinada ideologia. Ou seja: ele é a voz, os braços e as pernas de uma forma
organizada de pensamento. Num Estado Democrático de Direito, todos os partidos,
dentro dos limites previstos na Constituição, merecem se manifestar. Logo, se
os protestos dos últimos dias, depois de estourarem em função dos altos preços
das passagens de ônibus municipais, passaram a agregar diversas causas, porque
as bandeiras de partidos não podem tremular com a multidão?
Eu,
pessoalmente, detesto muitos partidos, alguns de esquerda, outros de direita, e
simpatizo também com outros. Acho, sinceramente, uma contradição ver muitos
deles lá, mas, ao mesmo tempo, justamente pelo fato de vivermos numa democracia
representativa, não é saudável vê-los sendo expulsos dos protestos. Ano
passado, em passeata no Rio de Janeiro na época da Rio+20 (já falei sobre minha
participação em outras postagens), fui parar no meio do “bloco” da CUT. Detestei
aquilo. Os gritos da CUT nem eram sobre causas ambientais naquele dia, por
exemplo. Mas e daí? Vivemos numa democracia, eles não estavam impedindo a minha
manifestação, nem faziam nada de errado. Simplesmente usavam aquele espaço e
momento para falar sobre o que pensavam. Democracia é convivência pacífica e
harmônica. Não é ficar calado e conivente, mas manifestar pontos de vista com
respeito ao próximo.
De fato,
essa onda antipartidária não leva a nada positivo. Como as pessoas vão pautar,
objetivamente, suas reivindicações? Como indicarão seus representantes? Como se
organizarão? Acho que pode haver esse tipo de possibilidade, por exemplo, mas o
ódio aos partidos é muito ruim para o Estado Democrático de Direito. Em vez de atacá-los,
é preciso pensar sobre a razão de eles serem esse lixo fisiológico ou burro: as
pessoas que com eles trabalham, as quais, por sua vez, são eleitas por nós.
Então, no final das contas, nós somos os idiotas. Podemos errar ao elegê-los
uma vez, mas e sua reeleição? Ele merece essa segunda chance? Seu partido, por
meio dele, agiu como o esperado? Sua resposta é o voto, seu protesto é o voto. Por outro lado, muitas conquistas já foram aprovadas,
e por diferentes partidos. Não se fazem apenas leis ruins no Brasil. Na
verdade, a maioria do que vem sendo criado é bom, mas a ênfase é apenas no
ruim. Existem políticos bons e bem intencionados, de partidos diversos. No
entanto, todo mundo entra no mesmo saco e, no fim, quem perde é a democracia.
É hora de sentar
a poeira e pensar nos próximos passos, que deverão ser manifestações menores,
mas objetivas. O grande grito de “cansei” foi dado, e o povo mostrou que está alerta e que pode se erguer com força. No entanto, é preciso pensar que em
nada contribuirá a rejeição sumária, violenta e cega aos partidos. Eles podem
não ser chamados para serem protagonistas desses movimentos, mas excluir dos protestos aqueles que lá tentam tremular suas bandeiras é uma contradição à
liberdade de expressão e de pontos de vista difundida nessas manifestações.
Oi Renan, eu sou Secretário de Meio Ambiente de Rio Bonito / RJ, gostei muito do teu blog ! Acho que você marcou uma reunião comigo, para o dia 21 de agosto. Caso seja você mesmo, solicito que entre em contato, pois tenho evento no mesmo dia.
ResponderExcluirNewton Almeida (21) 2734 0192
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