Pular para o conteúdo principal

A AIDS E OS GAÚCHOS

Hoje tomei conhecimento de um dado alarmante: o Rio Grande do Sul é o Estado com maior índice de casos de AIDS no Brasil por 100 mil habitantes (27,7), enquanto Porto Alegre é a cidade que ostenta essa triste liderança dentre aquelas com mais de 50 mil habitantes (99,9). Uma notícia triste e preocupante, a qual nos revela, simplesmente, mais uma evidência de que a "República dos Pampas" representa muito bem um velho ex-rico decadente (sobre isso falarei em outro momento), mas também a despreocupação de muitos gaúchos com a sua proteção sexual.

Evidentemente que existem outros fatores para tal constatação, e um deles, sem dúvida, está na realização de exames preventivos por um maior número de pessoas, mas o que eu gostaria de destacar é o desafio que a maioria dos jovens gosta de oferecer a si próprio: o sexo sem camisinha. Conheço muitas pessoas que admitem não usar preservativo com suas namoradas, e vez que outra, sequer com parceiras eventuais, dependendo das circunstâncias. O pior é que essas pessoas não são excluídas nem marginalizadas pela sociedade, tampouco têm parca instrução. Pelo contrário: todas vêm de famílias que, se não são ricas, vivem confortavelmente e têm ou tiveram amplo acesso à educação e informação. Enfim: nenhuma delas pode alegar desconhecimento sobre os riscos que correm.

Não usar proteção com um parceiro eventual é uma estupidez indiscutível, mas muitos se arriscam com suas namoradas. "E a confiança"?, perguntarão alguns. É verdade que muitos fazem exame de doenças venéreas, o que é uma atitude inteligente, mas a maioria não faz e aposta, em primeiro lugar, na fidelidade da parceira, e em segundo, no seu passado prevenido. Entretanto, se pararmos para pensar, e se esse casal, em outros relacionamentos, agia assim? E os seus parceiros de então, quando namoravam outras pessoas em momento ainda anterior? Essa é a questão. Se ninguém se previne, o que evitará a propagação de doenças venéreas como a AIDS (que ainda NÃO TEM CURA)? É claro que o exame preventivo é uma boa saída, desde que os parceiros sejam fiéis um ao outro ou, na pior das hipóteses, protejam-se com seus(suas) concubinos(as), mas o uso de preservativo ainda é a maneira mais garantida de se evitar a proliferação de um vírus mortal como o HIV.

Há pouco tempo, uma campanha de prevenção contra a transmissão do HIV mostrava um coração desenhado numa árvore, em cujo interio aparecia escrito (os nomes são meros exemplos): "Maria + João". Em seguida, ao lado de um deles aparecia uma lista: "+ fulano+Cicrano+Beltrano...", representando os parceiros de outrora. A mensagem foi perfeita.

Todos precisamos nos prevenir e deixar de apostar no "não dá nada". Nós, gaúchos, por mais fortes, aguerridos e bravos que sejamos, ainda não somos imunes à AIDS ou a qualquer DST.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A HISTÓRIA DA MINHA VIDA #1: PRÓLOGO

Toda história tem um prólogo. Não é possível imaginarmos que qualquer fato tenha uma origem em si mesmo, sem nenhum motivo anterior. Nem mesmo o universo (e a sua história) vieram do nada: Deus deu o pontapé inicial, e apenas Ele, Deus, não tem uma razão externa para existir, pois é eterno e fora da natureza. Nossa história não começa no nascimento, mas vem de muito antes. Na verdade, seria possível dizer que, caso quiséssemos, sinceramente, elaborar um prólogo fiel de nossas vidas, seria preciso retornar à origem do universo. No entanto, por razões óbvias, se a ideia é criar alguma introdução para a nossa biografia (ou simples livro de memórias), então imagino que o melhor a fazer é limitá-la aos nossos pais, pois são nossas referências biológicas e sociais mais diretas. Minha vida, ou o projeto que se tornaria a minha vida, começou no dia em que meus pais se conheceram, pois ali se encontrava a grande e objetiva propulsão que resultaria, cerca de dez anos depois, no meu enc...

INSPIRAÇÃO, POR ONDE ANDAS?

Como já é possível perceber, estou há muito tempo sem escrever por aqui. Não é apenas por esse canal: eu realmente não mais tenho conseguido palavras para expressar, por meio de textos, meus pensamentos (e garanto que não são poucos!). É interessante que, falando, ou melhor, dialogando com alguém, eu consigo trazer à tona diversas reflexões sobre os mais variados assuntos, mas ultimamente tem sido um sacrifício transportá-las para o "papel".  Estou há poucos dias de férias e resolvi, com o fim de apenas entreter-me, acessar esse meu blog e conferir meus textos antigos. Fiquei impressionado. "Quem é esse que escreve tão bem?", perguntei-me. Sem falsa modéstia, tenho o dom da escrita, ou ao menos tinha, pois parece-me que tal dom "escapou-me pelos dedos", como se o teclado em que digito ou a folha sobre a qual passeia a caneta que venho a empunhar emanassem um sopro de desinspiração, esvaziando a minha mente. "Onde eu estava mesmo...?" é a pergun...

TIA NOECI, HENRIQUE E EU

  Enquanto eu e o Henrique almoçávamos assistindo ao Chaves e ao Chapolin, lá estavas tu, convencendo o meu irmão a, para a comida, dizer “sim”, antes que eu desse cabo aos restos a serem deixados por ele que, diante de uma colher de arroz e feijão, insistia em falar “não”. Enquanto eu e o Henrique estávamos na escola, durante a manhã, na época do Mãe de Deus, tu arrumavas a bagunça do nosso quarto, preparando-o para ser desarrumado outra vez. Então, quando desembarcávamos da Kombi do Ademir, tu, não sem antes sorrir, nos recebias cheia de carinho e atenção, e dava aquele abraço caloroso que transmitia o que havia no teu coração. Enquanto eu e o Henrique, em tenra idade escolar, tínhamos dificuldades nos deveres de casa, tu estavas lá, nos ajudando a ler, escrever e contar, pois, embora a humildade seja tua maior virtude, ela era muito menor do que tua doação. Sabias que, em breve, não mais conseguirias fazê-lo, mas, até lá, com zelo, estenderias tuas mãos. Enquanto eu e o Henri...