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ESQUECERAM DE... QUEM?

 


Por muitos anos, sempre havia aquela tarde do mês de dezembro reservada para Esqueceram de Mim, de 1990. Trata-se da história de uma criança (Kevin McCallister, interpretado por Macaulay Culkin) esquecida pelos pais a alguns dias do natal. Enquanto o menino fica no sótão da imensa casa, dormindo, a família, depois de ter acordado atrasada, tensa e confusa, o deixa para trás. Apenas quando o avião já estava em voo de cruzeiro é que sua mãe percebe a ausência do filho, que não só permanece solitário em seu lar, como o defende contra dois ladrões atrapalhados.

Além de divertida, a obra, já alçada a clássico, é linda, preenchida por uma ótima trilha sonora e com ricos momentos de reflexão sobre a data. Sua profundidade, porém, é maior do que parece, e vejo Esqueceram de Mim como uma aula de misericórdia de Deus, ainda que, provavelmente, não tenha sido essa a intenção do roteirista e produtor John Hughes e do diretor Chris Columbus.

A família McCallister está envolvida com sua viagem, só pensa nela, assim como nós, que, nessa época do ano, focamos nos presentes, nas férias, nas festas, na comida, mas ignoramos o presépio. O incompreendido Kevin é alvo de deboches e acusações injustas, do mesmo modo que somos com o aniversariante do dia, a quem, por vezes, ridicularizamos e colocamos “de castigo” no lugar mais escondido de nossos corações. Quando os bandidos perseguem o menino ao suspeitarem que ele está sozinho em casa, desistem de pegá-lo ao verem-no correndo para uma igreja, dizendo que lá dentro não entravam, ou seja, o mal anda à espreita, mas Deus nos oferece refúgio. Depois, Kevin, o esquecido, precisa defender solitariamente a casa vazia contra os malfeitores que tentam violá-la. No final, na manhã de natal, a mãe retorna e pede perdão ao filho, que o concede.

Agora, o ponto alto do filme é a famosa “cena da igreja”, quando Kevin diz para o amargurado, culpado e receoso Velho Marley ligar para seu filho e com ele se reconciliar, apesar de angustiado com o possível fracasso da tentativa. O personagem de Culkin diz que o vizinho não deveria temer a escuridão do desconhecido, mas acender a luz do porão dos seus medos e encarar a realidade que viesse a se apresentar. O idoso, clamando silenciosamente por ajuda diante da cruz, se vê aconselhado por um anjo encarnado no protagonista do filme, numa ilustração perfeita e real de um milagre de natal. Claro que o ancião e o filho ficam de bem.

O mundo nos distrai e nos afasta de Jesus. Nos esquecemos cotidianamente dele, inclusive no natal, e é comum até o desprezarmos. Mesmo assim, ele segue firme, defendendo-nos contra o mal, oferecendo-nos abrigo, aconselhando-nos, perdoando-nos, ainda que nós não mereçamos nada disso. Quer uma dica? Seja humilde como o Velho Marley e acenda a luz que escurece a sua visão, a sua fé, o seu entendimento. Quem sabe você não enxerga, escuta ou sente um anjo lhe mostrando o caminho para um milagre de natal?


* Imagem: https://www.goliath.com/movies/15-awesome-facts-you-didnt-know-about-home-alone/


A clássica "cena da igreja": uma lição sobre coragem, perdão e família.


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