Saí
do grupo. Sim, enchi o saco, e, orgulhosamente, deixei aquela turma para trás. Alguns,
eu conheço desde o jardim de infância; outros, das séries iniciais; e a maioria
sempre esteve ao meu lado desde as agruras do Ensino Médio. Mas não dava, não
tinha como. Só havia uma maneira de revelar a sua ignorância e superar todos os
argumentos: a minha partida.
Os mais antigos, que comigo compartilhavam suas mamadeiras e me convidavam para brincar em suas casas, agora se revelam daquele jeito, se achando, como se soubessem mais do que todos. Há aqueles que nunca faltaram a uma festa de aniversário que organizei e, mesmo assim, acabaram por me presentear com opiniões absurdas. E os que sempre me apoiaram quando mais precisei, agora estão lá, cogitando votar naquele candidato desprezível. É inacreditável. Eles eram pessoas boas.
Não entendo como gente que tanto rira comigo agora parece rir de mim, do que eu penso. E aqueles que enxugaram as minhas lágrimas e oraram ao meu lado, de joelhos, por mim e meus queridos? Bah, desses é difícil até falar. Pelo que escrevem e postam, parece que, depois de um tempo, passaram a me amaldiçoar, afinal, se demonizam o que penso, demonizam-me! Eles certamente se lembram do meu rosto, da minha voz, talvez até do meu hálito ao fazerem aquelas provocaçõezinhas. Sim, eu sou o seu alvo.
Pois é, saí daquele grupo inútil. Eles que se perguntem sobre mim e que venham atrás, implorar pra eu voltar, mas não sem um pedido de desculpas!
Meu coração palpita, minha visão fica turva. Largo o celular sobre a mesa. O silêncio me envolve. Não há ninguém. Sou eu e apenas eu mirando a tela escura do meu telefone, que não toca, não vibra, não faz nada. Mas saí do grupo, afinal, eu estou certo e, eles, errados! Como é possível amigos discordarem uns dos outros? Na real, aposto que o Face e o Insta sequer iriam sugeri-los para serem meus amigos. Só são amigos porque... porque... porque sempre... foram?
*Imagem: https://melissachu.medium.com/your-phone-is-contributing-to-your-loneliness-c196c64553a5
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