A falta de respeito, representada através de conversas paralelas e ao celular, bem como pela pura desatenção, dos membros da Câmara dos Vereadores de Porto Alegre ao breve discurso que o ator e lutador multicampeão francês, o franco-argelino Dida Diafat, pronunciara na referida Casa Legislativa Municipal acerca da importância das políticas de incentivo ao esporte para afastar crianças da miséria, tirou o referido lutador do sério. Ao contrário de muitos, ele não se conteve e criticou a atitude dos vereadores, provocando-os ao afirmar que não se importavam com as crianças. Embora justa a indignação, talvez o campeão de Muay Thai tenha exagerado ao fazer uma afirmação desse porte. Mesmo assim, nada justifica a reação de alguns vereadores, em especial a de João Dib.
Segundo li no jornal Zero Hora, o ator vestia calça jeans e camisa polo, fez duas interrupções requerendo atenção e, imediatamente depois, recomeçava a falar. Ao final, João Dib afirmou, segundo consta no jornal: "Ele não estava trajado convenientemente. Eu não merecia ter a atenção chamada por um diabo que veio sei lá de onde. Ele pode ser artista de cinema, mas eu sou vereador de Porto Alegre". Vejam o que o vereador disse: "...ele não estava trajado convenientemente...". Que absurdo esse comentário! O nosso representante perdeu a chance de se calar, é claro. Desde quando "traje" é mais importante do que um tema sensível como o incentivo às iniciativas de bem, no caso, afastar as crianças da miséria através do esporte? E que importância tem a origem do orador? E desde quando uma profissão é melhor do que a outra?
O aristocracismo levantado pelo vereador demonstra bem como muitos de nós acabam se comportando no poder, seja ele em qual nível for. No caso de Dib, justificou a sua falta de atenção ao que falava o desportista e artista na forma com que o último se vestia, bem como no cargo que o político ocupa em comparação com a profissão do atleta . É engraçado como algumas pessoas não admitem que faltam, muitas vezes, com o respeito, e só sabem exigi-lo, apelando para o cargo que ocupam, ou algum título. Uma pena que o vereador tenha agido dessa maneira. Que argumentos pífios que ele apresentou! Pior foi a opinião de Arlindo Chinaglia, também reproduzida nas páginas de ZH: "aplauso é silêncio". Quer dizer que, se porventura aquele que estiver falando não for um bom orador, ou se seu assunto não for "interessante" aos ouvintes, os presentes poderão conversar e atrapalhar o discurso? Belo exemplo às crianças, cuja primeira lição em sala de aula é fazer silêncio enquanto a professora fala. Imaginem se a moda pega e crianças e jovens espertos passem a usar o argumento de que, como as aulas de seus mestres não são "legais", eles têm todo o direito de não ouvi-los, conversarem a valer e até sairem do recinto, afinal, assim ensinam aqueles que governam as cidades, estados e país. Parabéns, Chinaglia! É por isso que eu tenho orgulho dos nossos políticos! Ainda mais terrível é o que Chinaglia diria, na situação em que o orador chama a atenção de sua plateia: "Gostaria de fazer um esclarecimento ao senhor. O fato de estarmos conversando não significa desrespeito. Temos outras funções além de estar ouvindo o senhor. Agradecemos sua presença”. Clap, clap!
Danem-se os jovens miseráveis sem esporte para ajudá-los! O que vale é estar bem vestido, ter uma profissão tão ou mais digna do que a de vereador e, por fim, "exercer outras funções mais importantes na Câmara/Assembléia/Senado", quem sabe um aumento salarial de 50, 70%?
Atitudes e declarações como a do vereador João Dib são um desrespeito às iniciativas de bem que estão à nossa disposição para aproveitá-las e desenvolvermos nossa sociedade. Pensemos diferente desse cidadão. Nosso grande ex-prefeito!
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Parece que é a nova competição dos políticos é ver quem desaponta mais a população em menos tempo.
24/07/2009 15:13
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