Todas as palavras de dor, lástima, raiva e solidariedade já foram proferidas por milhões pelo Rio Grande do Sul, pelo Brasil e também pelo resto do mundo, mas eu preciso manifestar as letras que saem do meu coração nesse momento. Faço isso simplesmente porque sinto necessidade de registrar, aqui, o que sinto no dia de hoje. Eu, como a maioria dos gaúchos, vi o céu azul de ontem e de hoje como um domo escuro tal qual o da madrugada da tragédia que fulminou a vida de mais de 230 jovens em Santa Maria, no Rio Grande do Sul.
Nunca me senti tão mal ante uma notícia ruim referente a acidentes. Já aconteceram eventos terríveis na História recente, dos quais muitos eu fui telespectador. Os atentados de 11 de Setembro, por exemplo, em que mais de 2.000 pessoas inocentes morreram numa tacada só, ou tantos desastres aéreos, como aquele de 2007, no aeroporto de Congonhas, ou o de 2009, que ia para a França. No entanto, este me afetou muito, e talvez porque eu tenha me colocado no lugar de quem pereceu naquela situação, tanto os que tombaram antes de fugir, quanto os que retornaram para ajudar e também faleceram, ou os que sobreviveram para chorar pela perda dos queridos amigos, familiares e namoradas(os) que não tiveram a mesma sorte.
Eu poderia ser o namorado vivo, tossindo do lado de fora enquanto as lágrimas abriam caminho entre a sujeira da fuligem que cobria o meu rosto; poderia ser o irmão que conseguiu achar a saída, ao contrário do outro; poderia ser o amigo que não conseguiu puxar todos da turma para encontrar o ar libertador da rua; ou poderia ser qualquer um dos que não saíram daquela armadilha construída pela imprudência de uns e a negligência de outros, sob outros que, em poucos minutos, perderam os sentidos para nunca mais recuperá-los. Ou os pais e irmãos que estavam longe dali, impotentes diante do horror que assolava aos seus queridos e àqueles que com eles estavam.
Mas eu não sou nenhum deles e mesmo assim me sinto como se fosse. Não estou abatido como aqueles que referi, pois isso é impossível, mas sinto-me mal, muito mal com tudo, e pior ainda quando reflito sobre o que descrevi acima: e se fosse eu, em qualquer uma daquelas situações?
Esse é o sentimento que toma conta do meu coração no dia de hoje, e é provável que muitos assim pensem. E é desse modo que devemos pensar sempre, não só diante de acontecimentos terríveis como esse, mas antes deles acontecerem, e em diferentes situações. A reflexão "e se fosse eu?", a qual pode ser traduzida por "amarás o teu próximo como a ti mesmo", é que deve ser o nosso princípio fundamental para que tenhamos mais responsabilidade, compaixão e solidariedade, não só depois da desolação, mas antes, a fim de evitá-la. Esta interrogação deve ser feita sempre pela administração pública que faz leis defeituosas e pouco claras, ou que é omissa na fiscalização do seu cumprimento; pelos irresponsáveis que permitem ou realizam atos claramente imprudentes; e por nós mesmos, tão acostumados às nossas "zonas de conforto" que nos negligenciamos de cobrar todos os pontos anteriormente mencionados.
Por fim, uma última reflexão, também relacionada à ideia de "e se fosse eu?": valorizemos as nossas vidas, a de todos ao nosso redor e além, e que o amor guie as nossas atitudes. Pois assim, tudo valerá a pena, sempre. Todos os esforços serão para o bem, ainda que nem sempre possamos evitar que a desolação nos assole.
A fumaça negra e mortal da boate Kiss não pode mais ser vista no ar, mas permanece escurecendo os nossos corações. Não nos envenena como aconteceu com as jovens vítimas, mas ainda é terrivelmente dolor.
Oremos pelos queridos dos que se foram, para que Deus os console no tempo determinado, e sejamos compassivos e solidários com eles, da maneira que estiver ao nosso alcance. E que assim sejamos em cada passo de nossas vidas.
Nunca me senti tão mal ante uma notícia ruim referente a acidentes. Já aconteceram eventos terríveis na História recente, dos quais muitos eu fui telespectador. Os atentados de 11 de Setembro, por exemplo, em que mais de 2.000 pessoas inocentes morreram numa tacada só, ou tantos desastres aéreos, como aquele de 2007, no aeroporto de Congonhas, ou o de 2009, que ia para a França. No entanto, este me afetou muito, e talvez porque eu tenha me colocado no lugar de quem pereceu naquela situação, tanto os que tombaram antes de fugir, quanto os que retornaram para ajudar e também faleceram, ou os que sobreviveram para chorar pela perda dos queridos amigos, familiares e namoradas(os) que não tiveram a mesma sorte.
Eu poderia ser o namorado vivo, tossindo do lado de fora enquanto as lágrimas abriam caminho entre a sujeira da fuligem que cobria o meu rosto; poderia ser o irmão que conseguiu achar a saída, ao contrário do outro; poderia ser o amigo que não conseguiu puxar todos da turma para encontrar o ar libertador da rua; ou poderia ser qualquer um dos que não saíram daquela armadilha construída pela imprudência de uns e a negligência de outros, sob outros que, em poucos minutos, perderam os sentidos para nunca mais recuperá-los. Ou os pais e irmãos que estavam longe dali, impotentes diante do horror que assolava aos seus queridos e àqueles que com eles estavam.
Mas eu não sou nenhum deles e mesmo assim me sinto como se fosse. Não estou abatido como aqueles que referi, pois isso é impossível, mas sinto-me mal, muito mal com tudo, e pior ainda quando reflito sobre o que descrevi acima: e se fosse eu, em qualquer uma daquelas situações?
Esse é o sentimento que toma conta do meu coração no dia de hoje, e é provável que muitos assim pensem. E é desse modo que devemos pensar sempre, não só diante de acontecimentos terríveis como esse, mas antes deles acontecerem, e em diferentes situações. A reflexão "e se fosse eu?", a qual pode ser traduzida por "amarás o teu próximo como a ti mesmo", é que deve ser o nosso princípio fundamental para que tenhamos mais responsabilidade, compaixão e solidariedade, não só depois da desolação, mas antes, a fim de evitá-la. Esta interrogação deve ser feita sempre pela administração pública que faz leis defeituosas e pouco claras, ou que é omissa na fiscalização do seu cumprimento; pelos irresponsáveis que permitem ou realizam atos claramente imprudentes; e por nós mesmos, tão acostumados às nossas "zonas de conforto" que nos negligenciamos de cobrar todos os pontos anteriormente mencionados.
Por fim, uma última reflexão, também relacionada à ideia de "e se fosse eu?": valorizemos as nossas vidas, a de todos ao nosso redor e além, e que o amor guie as nossas atitudes. Pois assim, tudo valerá a pena, sempre. Todos os esforços serão para o bem, ainda que nem sempre possamos evitar que a desolação nos assole.
A fumaça negra e mortal da boate Kiss não pode mais ser vista no ar, mas permanece escurecendo os nossos corações. Não nos envenena como aconteceu com as jovens vítimas, mas ainda é terrivelmente dolor.
Oremos pelos queridos dos que se foram, para que Deus os console no tempo determinado, e sejamos compassivos e solidários com eles, da maneira que estiver ao nosso alcance. E que assim sejamos em cada passo de nossas vidas.
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