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Mostrando postagens de março, 2022

QUEM AMA, CUIDA

Nesse último mês de março, publiquei várias crônicas de autoria de Greta Cardia E. M. Guimarães, minha mãe e parceira do perfil @cronicasdofilhoedamae, que integraram o Mosaico Porto Alegre 250 Anos, organizado pela Oficina Santa Sede. O projeto consistiu em textos inspirados por imagens da Capital gaúcha captadas por excelentes fotógrafos, e devo admitir que há tempos eu não valorizava tanto o espírito dessa cidade que me recebeu no mundo e, até hoje, me acolhe.   Lembro-me de Porto Alegre como um destaque em minha vida escolar em apenas um único e isolado ano. Foi em 1994, Terceira Série do Colégio Mãe de Deus. A professora era a querida Daurivete Braga de Freitas, a primeira a quem me referi como tal e não como “tia”. Aquilo me marcou, afinal, nunca estudara sobre nossa cidade, e foi bem legal saber um pouco de sua história e de seus símbolos.   Na segunda-feira (28/03), a escola Fazendo & Acontecendo promoveu uma bela exposição com trabalhinhos feitos pelos seus alunos, ent

DESCONGELANDO O MELHOR DE FROZEN

  Pais e mães que me leem sabem do que estou falando: dificilmente há animação mais popular do que a controversa FROZEN, de 2013, cujas músicas e personagens, desde então, como uma força irresistível, parecem invadir os lares de todo o mundo pelas frestas de suas portas e janelas. Para muitos, os poderes reprimidos de Elsa, a protagonista, seriam uma alusão às suas inclinações sexuais, e o tema “Let it Go”, um hino de rebeldia e libertação. Embora nada no filme confirme essa tendência, ela seria plausível pela clara inclinação política da Disney. Agora, será que as pautas que a obra alegoricamente promoveria estariam realmente ali?   Nem todas. Trata-se, na verdade, de um roteiro que fala sobre libertação em relação àquilo que é apontado como a percepção e o julgamento da maioria. O que os “poderes congelantes” de Elsa realmente significariam é uma lacuna preenchível por qualquer coisa. Logo, um cristão tímido poderia se espelhar em Elsa para defender seus pontos de vista com coragem

O TAPA DE WILL SMITH EM CHRIS ROCK

  Em razão do horário, sempre foi um desafio assistir à cerimônia do Oscar, mas, nos últimos anos, quando determinadas pautas passaram a prevalecer sobre a qualidade, criatividade e a profundidade das obras, desisti de vez. Porém, no último evento, presenciamos algo digno de reflexão.   Chris Rock fazia uma sessão de stand up comedy . Todos riam, até que o alvo foi a esposa de Will Smith. Portadora de uma doença rara que a leva a forçosamente manter os cabelos raspados, ouviu do comediante: “Te vejo em ‘Em busca da honra 2, hein?’ ”, filme da década de 1990 estrelado por Demi Moore e para o qual a atriz, ao encenar uma oficial do exército, passou máquina 1 na cabeça.   A maioria gargalhou, inclusive Smith, mas sua esposa, não. Em seguida, porém, o ator, que não parecia fingir quando rira, ficou, de repente, “maluco no pedaço”, invadiu o palco e desferiu um violento tapa em seu colega. De volta ao assento, disse, transtornado: “Mantenha o nome de minha esposa fora da droga da sua bo

CRÔNICA DO PRIMEIRO NASCIMENTO

  Era para ser um parto natural. Tudo foi planejado para ser assim, mas havia uma pequena coisa que ameaçava essa ideia inicial: uma certa restrição de crescimento.   A gravidez da Glória foi tranquila, sem riscos, mas o tal do seu percentil indicava que ela crescia muito menos do que o normal. Todos os seus demais índices apontavam que nossa bebezinha se mostrava saudável, mas seu tamanho era muito menor do que a média para a idade gestacional. Assim, não era seguro aguardar pela natureza. Seria preciso agir um pouco antes, a fim de evitar riscos. Teria sido uma decisão correta? Digamos que foi prudente, conforme indicavam as ecografias semanais que fazíamos.   Assim, agendamos a internação, mas não, necessariamente, o parto. Tentaríamos induzi-lo para que se desse de forma natural. Chegamos ao Hospital Moinhos de Vento pela manhã, em torno das 9 horas. No caminho, avisamos nossas famílias, mas deixamos claro que o parto dificilmente aconteceria rapidamente. Mesmo assim, meus pais

INFINITAS TEMPORADAS DE AMOR

    Todo casal tem uma história e, como toda história, um começo. Acontece que esse momento não é, de fato, um primeiro passo, mas a mera introdução a um verdadeiro início, um nebuloso teaser (sequer um trailer) de uma série que se iniciará.   Aliás, foi uma série de TV o gancho para que meus queridos Jéssica e Giovani, cujo casamento celebrei na Love It, em Porto Alegre, iniciassem o seu namoro. Antes, porém, houve a tal introdução, o teaser para que eles soubessem da existência do outro e nele notassem, no mínimo, algo interessante, mas não o suficiente para clicarem no “assistir”.   Então, quase três anos depois, uma imagem postada nas redes sociais foi o gatilho para darem o play . Fã da série “Game of Thrones”, Giovani divulgou uma foto sua em que aparecia caracterizado como o personagem “Jon Snow”. Jéssica, outra fã inveterada do programa, a observou e ali enxergou algo mais do que aquele cara interessante de anos atrás e comentou. Giovane respondeu e, a partir dali, pass

TRADIÇÃO FAMILIAR

  Há poucas semanas, mostrei para a minha filha a coleção de “tazos”, aquelas figurinhas redondas que vinham, entre os anos de 1997 e 1998, nos pacotes da Elma Chips, que guardo desde então. O jogo não tem nada de especial, mas o belo dessa história é o fato de uma brincadeira da minha infância ser valorizada pela minha primogênita, enriquecendo nossa relação de pai e filha e explicitando um vínculo entre passado, presente e futuro. Ao mostrar-lhe algo dos meus tenros anos que eu valorizava, ela voltou seus olhos para aquilo de maneira diferente, pois não se trata de um mero jogo divertido, mas de um jogo divertido guardado há décadas pelo seu pai. Isso certamente é percebido por ela que, agora, vive pedindo para jogarmos, tornando-se uma diversão da família. Uma tradição.   Agora, o que é tradição? A mera repetição de ritos por grupos que possuiriam algum vínculo entre si, independentemente do seu sentido ou origem? Não, isso seria tradicionalismo, pois a expressão tradição que usam

À LUZ DE VELAS

  Tivemos um dia tranquilo e divertido aqui em casa, até que a forte chuva mudou o rumo do nosso domingo. Eram 17h30min quando caiu a energia elétrica e não tardou para concluirmos que a noite seria à luz de velas.   Sempre quando isso ocorre, sou tomado por dois sentimentos. O primeiro é de desconforto e ansiedade. Luz, à noite, é essencial, não apenas para enxergarmos bem, mas também para realizarmos as mais básicas tarefas domésticas. Sem ela, ficamos chateados, incomodados, indignados.   Todavia, há outro sentimento. Iluminados apenas pelas velas, vemos aquilo que precisa ser visto e valorizamos o que acontece na nossa frente. Num domingo à noite, por exemplo, é comum assistimos a algum filme, eventual trecho de noticiário ou a um jogo de futebol. Seja o entretenimento virtuoso ou não, uma consequência básica é ficarmos em silêncio durante aquele período. Lado a lado, mas calados.   Sem luz, isso não acontece. Ontem, não havia o que fazer a não ser ficarmos sentados na sala d