Na última semana, e com um ano de atraso, eu, minha esposa e a Glória (nossa filhinha de cinco meses) assistimos a “Dunkirk”, mais um grande filme de Cristopher Nolan (o melhor diretor da atualidade, sem dúvidas). Os fatos históricos apresentados no filme já são dignos de emoção. O chamado “Milagre de Dunkirk” (Dunquerque) se refere à improvável evacuação, por mar, de quase meio milhão de soldados ingleses (grande maioria), franceses e belgas ocorrida em junho de 1940, no início da Segunda Guerra Mundial.
Na ocasião, os alemães haviam varrido a França, de forma
relâmpago, invadido a Bélgica e a Holanda, de modo que a resistência britânica
e francesa se concentrava na cidade de Dunquerque. Certos da vitória e visando
à preservação de seus tanques, os nazistas optaram por eliminar as forças
remanescentes de seus inimigos (totalmente expostas nas praias da cidade
francesas) apenas por meio de sua força aérea, cujos aviões, a todo momento,
despejavam bombas e alvejavam com suas metralhadoras os infelizes que oravam
para que Deus os tirasse dali. Ele permitiu que alguns encerrassem suas
histórias sem que pudessem atravessar o Canal da Mancha, mas atendeu às preces
da maioria.
Como referido, contra toda a lógica da batalha, escoltados especialmente pelo sacrifício de centenas de pilotos da Força Aérea Real inglesa (a RAF) por cerca de 40 mil soldados franceses que perderam suas vidas nos confrontos por terra pela defesa da cidade, e mediante o imprescindível auxílio de centenas de embarcações civis (de simples pesqueiros a confortáveis iates), cerca de 350 mil soldados britânicos, além de outros 120 mil franceses e mais outros milhares de belgas, conseguiram recuar para a Inglaterra. O sucesso de tal missão, cujo codinome fora “Operação Dínamo”, foi fundamental não só pela manutenção de uma força humana experiente e fundamental para os próximos passos da guerra e a defesa da Grã-Bretanha, mas pelo ânimo, a confiança e a fé decorrente disso. Por trás da operação havia uma liderança calcada em palavras e em uma oratória espetacular: Winston Churchill.
Churchill era a pessoa certa no momento certo. Tratava-se do
antagonista perfeito a Adolph Hitler e Mussolini. Enquanto estes últimos, com
paixão, destilavam ódio em suas palavras, utilizando-o como instrumento para
unir os povos de suas nações (ressalvado o conceito limitado de “povo comum”
desenvolvido pelos nazi-fascistas), Churchill apresentava uma oratória doce e,
ao mesmo tempo, empolgante, preenchida por palavras de esperança, fé e
confiança. Embora não escondesse em suas palavras o evidente, no caso, os
sacrifícios para que a vitória fosse possível, nunca deixou de acreditar nela e
de transmitir isso. Ele estava certo de que o êxito seria uma consequência da
valentia de seu povo e de seus aliados, e que Deus não os abandonaria nessa
missão. Tal qual um avô incentivando o seu neto, Churchill tocou o coração dos
britânicos para que heroicamente resistissem aos momentos mais sombrios do
conflito, os quais, durante todo o segundo semestre do ano de 1940, foram permeados por intensos bombardeios sobre toda a Grã-Bretanha. Posteriormente,
seguiu firme na sua missão, até o vitorioso fim da Segunda Guerra Mundial.
Ouvir os discursos de Churchill da época da guerra é emocionante.
Palavras especialmente escolhidas e uma oratória lapidada, tudo aliado,
evidentemente, a toda a sua capacidade interna de liderança e de estratégia
militar, tornam toda a civiliação ocidental devedora e grata a seu legado. Se
mais pessoas o ouvissem ou lessem seus escritos, certamente teríamos uma sociedade mais unida e
confiante para superar suas crises, não com base em revanchismos ou vitimismos,
mas na sua força humana, na fé em Deus e na certeza de que apenas unidos
poderemos seguir adiante e manter aquilo que nos trouxe fortes até aqui.
* Imagem 1: <https://www.mensagensincriveis.com/frases-de-winston-churchill/>
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