Pular para o conteúdo principal

Natal Despresepado

Hoje fui a um shopping e vi uma grande estrutura cheia de enfeites de natal. A tradicional praça do Papai Noel, tomada por pinheiros de natal, ursos polares, trens que levam a não-sei-onde, etc. Surpreendi-me com um presépio. Sim, senti-me surpreso, pois não tinha esperanças de encontrar a tradicional montagem cenográfica do nascimento de Jesus. Ora, mas não deveria ser o contrário? Não, e é sobre isso que hoje debruço-me sobre as teclas do computador.

Dia desses eu assistia a um culto na igreja que frequento e, por ser tempo de natal, o pastor fez menção a algo óbvio, mas que merece ser falado cada vez mais: o capitalismo engoliu a data natalina. O Papai Noel, inspirado na figura real de São Nicolau, um religioso que, na época de Natal, ajudava os pobres, acabou sendo transformado na figura central dessa data e maquiavelicamente usado para instigar o espírito consumista por esses dias.

Em vez dos pais ensinarem acerca da origem do feriado de Natal, a razão da data, preocupam-se simplesmente em contar a lenda de Papai Noel até que as crianças descubram que se trata, de fato, de uma lenda. A véspera de natal, em vez de ser reflexiva, é uma busca desenfreada por presentes para contemplar amigos e familiares, e o que mais se ouve nos corredores dos shoppings ou nas ruelas tomadas por ambulantes e vendedores populares nos centros das cidades são as lamúrias pelos gastos excessivos decorrentes dessa época. E o natal de verdade, onde entra?

Ouvi um boato, há pouco tempo, de que haveria uma mobilização de não-cristãos pela dissociação do natal do nascimento de Cristo, pois atrairia mais pessoas para tal "celebração" de fim de ano e, dessa forma, aumentariam as vendas. Bem, isso é uma tendência, afinal, o processo de papainoelização do natal culminará nisso. Todavia, vejam o absurdo disso: a palavra 'natal' do português já foi 'nātālis' no latim, derivada do verbo 'nāscor' (nāsceris, nāscī, nātus sum) que tem sentido de nascer (fonte: wikipedia). A data existe em função de sua origem. Trata-se de uma busca de oficialmente deuturpar uma data por motivos externos. Ora, se quiserem uma data para celebrar o amor universal e a doação e recepção de presentes, sem uma razão, uma origem específica, então que criem um dia chamado, por exemplo, de Dia do Presente com Amor. Agora, usar o dia do nascimento de Cristo para isso é mais um sinal da crise da nossa sociedade.

O natal e a páscoa são os dias mais importantes do cristianismo. Lembrar do Natal sem lembrar de um presépio, daquela representação clássica do nascimento de Cristo, é não lembrar do Natal, mas de qualquer coisa: nostalgias, dores do passado, traumas, necessidade de amar ou procurar alguém, enfim, tudo, bom ou ruim, mas não relacionado com Jesus Cristo. E quando lembramos de Jesus, lembremos que ele nasceu para, durante a sua vida, nos ensinar A Verdade e, por fim, morrer por nós, para nos salvar. Os ensinamentos de Jesus e o significado de seu nascimento é o que deve ser lembrado nessa data, pois não se trata de bondade gratuita, vazia e interesseira, mas uma bondade fundamentada. Natal despresepado não é natal.

Comentários

  1. Meu amor, mais uma vez mostraste que sabe lidar muito bem com as palavras...Concordo contigo em todos os pontos que colocaste!Me angustiou muito ver que na noite de Natal fui a única a orar e agradecer ao Pai por ter nos dado o maior dos presentes!Como foi essa oração?Sussurada, sozinha, com meu prato repleto de coisas gostosas, que afinal de contas havia sido proporcionado pelo Aniversariante que ninguém parecia lembrar que deveria ser ovacionado!

    ResponderExcluir
  2. Renan, gostei muito dos teus comentários! E o da Rô também! Beijos!

    Daniela Strüssmann

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Dica de Tiras - High School Comics

Essa tira foi desenhad a por um amigo meu, Rodrigo Chaves, o qual realizou tal trabalho em parceria com outro artista, Cláudio Patto. Acho simplesmente excelente essa série de tiras chamada "High Shool Comics", que trata do cotidiano da vida escolar, sempre com bom humor. Mereceria aparecer todos os dias nos jornais, sem dúvida. Se a visualização não ficou boa, cliquem na imagem. Querem ver mais? Então acessem: http://contratemposmodernos.blogspot.com .

COMO É BOM TE BEIJAR

Como é bom te beijar, pois, ao fazê-lo, percebo como foi sábio ter me dirigido a ti assim que te vi, ter mentido que gostava de Chico só pra ficar contigo, depois te namorar pra, finalmente, casar. Quanto mais longe fica aquela noite, mais próxima de hoje ela está, mais presente que a notícia mais recente e mais bela do que uma florescente manhã de primavera. Como é bom te beijar. Teus lábios aconchegantes foram e são a chave para o que é mais precioso: o amor que temos um pelo outro, que fazemos um com o outro e que geraram as riquezas mais valiosas do que a soma de todo o ouro encontrado em toda a história: a Amélia e a Glória. Como é bom te beijar. A cada vez que trocamos sabores, algo muda em mim, um começo que me conduz a outro, nunca a um fim, afinal, depois do nosso "sim" dito no altar, juramos para sempre lado a lado caminhar. A estrada foi e sempre dura será, mas ela também  sempre trouxe muita beleza entre algumas tristezas, e assim seguirá, com a certeza de que Deu

NOITE FELIZ FORA DAS TRINCHEIRAS

    Entre tantos horrores e traumas, aconteceu na Primeira Guerra Mundial um evento isolado, mas absurdamente insólito e inspirador. Um fato tão bizarro quanto lindo, e não seria exagero dizer que se tratou de um verdadeiro milagre de natal, talvez o maior deles desde o próprio nascimento de Cristo.   A conhecida “Trégua de Natal de 1914” ocorreu em diferentes partes do front de batalha, e um dos seus mais famosos armistícios se deu nos arredores de Ypres na Bélgica, quando, na noite de natal, alemães decoraram suas trincheiras com pinheiros enfeitados e começaram a cantar, ao que os adversários, no lado oposto, responderam, com suas músicas. Por vezes, uniam suas canções às do “inimigo”, mas cada um no seu idioma. A melodia foi o convite para a paz e, assim, ambas as forças baixaram suas armas e se uniram para lembrar o nascimento de Cristo, com direito a comida, bebida, louvores e missa ecumênica celebrada simultaneamente por um padre escocês para britânicos, franceses e alemães.