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CASAMENTO NO ANO-NOVO

  Não sei por que meus avós paternos Roberto e Gladys (a Nina) escolheram essa data, mas o fato é que, em 31/12/1947, eles casaram. Não tenho a informação sobre quantos convidados compareceram, nem como foi a festa. Há uma clássica foto deles cortando o bolo de casamento, então, já dá pra dizer que, ao menos, bolo teve!   Saber onde e quando será o casamento, o que será servido, quantos convidados irão, tudo isso faz parte do planejamento e é legítimo e fundamental levar a sério tais questões. No entanto, não são elas que determinarão o sucesso do seu matrimônio, mas a longa jornada do dia-a-dia constituída de pequenos atos.   Eu, como neto, sempre via os meus avós paternos com curiosidade e admiração. Ambos eram muito carinhosos um com o outro, inclusive no fim de suas vidas. Recordo-me dos dois, certa noite, conversando entre si sem saberem que eram por mim observados: “Benzinho, ficamos ricos?”, perguntou minha avó, questionando meu avô sobre o resultado da loteria. “Não, meu be

NO MEIO DO CAMINHO TINHA UMA PEDRA...

  Já defendi a sabedoria de clichês, afinal, deve haver algo de bom naquilo que é reiteradamente repetido de geração em geração. Porém, há aqueles baseados em percepções equivocadas da realidade, perpetuando-se falsos ensinamentos. Um deles é que um casal não deve dormir até que se chegue a um consenso ou faça as pazes.   Poucas coisas boas saem de uma cabeça quente. Brigas acontecem, e, por vezes, quanto mais se busca o tal “consenso”, mais intensa se torna a discussão. Ainda que uma das partes, ou mesmo as duas, sinceramente se mostre disposta solucionar a discórdia instaurada, se uma delas, ou ambas, parte de premissas erradas para defenderem seus pontos de vista, a paz baseada na concordância jamais será alcançada. Então, o melhor a fazer é uma retirada estratégica para que, com a cabeça fria, no dia seguinte, se encontre o tal ponto de equilíbrio.   Acontece que, ainda assim, isso talvez seja inviável. Às vezes não haverá consenso, seja por orgulho, seja pela legítima percepçã

UM TESTEMUNHO DE CONFIANÇA

Vocês conseguem imaginar alguém ouvindo de sua noiva que ela está grávida e que a criança seria fruto do Espírito Santo e viria a ser o próprio messias? Foi essa a dura experiência de José e da qual vem seu grande testemunho.   Ora, é claro que, para qualquer um, um adultério havia se consumado, e a desculpa seria ou fruto de um tremendo desvio de caráter de Maria ou da alucinação das alucinações. Para José, restaria a humilhação de casar com alguém que lhe fora infiel ou, a fim de encobrir tal fato, “assumir” que teria se deitado com sua noiva antes do matrimônio. Seu nome estaria manchado de um jeito ou de outro. Logo, a opção mais adequada seria o rompimento do noivado e deixar que Maria arcasse com as consequências do que evidentemente teria sido um desvio de seu comportamento.   No entanto, José não apenas manteve seu noivado como acreditou em Maria. Um otário? Não. Ele confiou que, de fato, teria havido um milagre. Claro, um anjo, em sonho, lhe disse para crer, mas ele, ainda

SOMBRAS DE FELICIDADE

  Nesses últimos dias antes do aniversário de Cristo, nada melhor do que uma maratona de filmes natalinos. Entre eles, “Um homem de família” (2000) é um dos meus favoritos. Embora feito quando as Torres Gêmeas seguiam de pé e o marco ainda era a moeda alemã, não envelhece.   Disponível no Globoplay, o filme conta a história de Jack Campbell (Nicolas Cage) que, na juventude, ao escolher embarcar rumo à Londres para um intercâmbio que lhe daria muitas oportunidades, abre mão de um futuro com sua namorada Kate (Téa Leoni). Anos depois, ele se torna um milionário, porém solitário, executivo. O detalhe é que ele não é retratado como um infeliz, mas como alguém entorpecido por suas conquistas. Então, após tentar convencer um homem a buscar uma vida melhor, este lhe provoca perguntando se ele próprio não precisaria ser salvo. Campbell diz que não, afinal, “tem tudo o que precisa”. Como um passe de mágica, após adormecer na noite do dia 24 de dezembro no seu luxuoso apartamento em Manhattam,

NÃO DETURPEM O PAPAI NOEL

  No último sábado, estive em uma festa de natal de um clube de Porto Alegre. Dedicada especialmente às crianças, o evento contou com a presença do Papai Noel. Ao chegar, a criançada correu para abraçá-lo, mas ele apenas seguiu adiante, rumo ao palco montado no pátio do lugar. Ele subiu e, como uma estrela de rock, ergueu suas mãos para alto, celebrando a si mesmo. Achei estranho.   Em seguida, ele desceu e caminhou até a clássica poltrona. Considerando a fila gigante de crianças que se formou, e ante a informação de que o velhinho ficaria lá por “horas”, convenci minha filha a irmos mais tarde.   Cerca de uma hora depois, vi que a fila estava desfeita. Corri para chamar minha filha. Quando voltei, Papai Noel dançava alucinadamente com os adultos. Sorria de uma maneira insana, como se fosse a estrela da tarde. Abraçava homens e mulheres calorosamente, enquanto as crianças, ao seu redor, observavam-no visivelmente constrangidas, afinal, não era aquela a imagem do barbudinho que tinh

O SACRIFÍCIO DE MICKEY E MINNIE

  Em 1999, a Disney lançou um especial chamado “Aconteceu no Natal do Mickey”. Com cerca de uma hora de duração, traz três belas e ricas pequenas histórias, das quais a última me pareceu a mais significativa.   Na história, Mickey e Minnie são pobres e lhes resta apenas a tarde do dia 24 de dezembro para reunirem dinheiro suficiente para comprar presentes ao outro. Ela dá o seu máximo no trabalho, crente de que poderia ganhar um bônus de natal para presentear Mickey com um estojo para sua gaita de boca. Ela consegue, mas, para sua surpresa, o bônus era um panetone. Ele, por sua vez, é demitido por ter impedido que seu chefe fosse desonesto com clientes. Sem um tostão, faltando uma hora para fechar a loja que vendia uma almejada corrente dourada para acompanhar um pingente de estimação de Minnie, ele precisa descobrir como reunir dinheiro. Pensando enquanto tocava gaita solitariamente, é arrebatado por organizadores de uma campanha para angariar brinquedos para crianças carentes e faz

GUARDA-CHUVA DE AMOR FIXADO NA ROCHA

  Bodas de Beijinhos. É assim que chamam o primeiro mesversário de casamento, e é o que os meus queridos @t.arrais e @tiagobpereira comemoram hoje e para quem dedico esse #tbt.   À beira do paradisíaco mar de Playa del Carmen estava o altar enfeitado com lindas flores. Todos sentados, entraram os noivos. Primeiro, Tiago, trazido pela sua mãe; depois, Thaís, de braços com seu pai. Ambos emocionados, assim como os convidados. Isso é interessante em casamentos assim, em que todos viajam juntos e, até poucos instantes antes, estavam reunidos. É a magia da celebração do matrimônio: um rito que não é apenas estético ou formal, mas sagrado.   A celebração foi linda demais, e muito disso se deve à inspiração trazida pela bela história dos noivos, digna de um filme. Algo fora dos planos, no entanto, aconteceu: choveu, e muito. A água começou a desabar durante a leitura dos votos. Aliás, que votos! Lindas declarações de amor regadas por lágrimas de sinceridade que vazavam das fendas de hones