Não sei por que meus avós
paternos Roberto e Gladys (a Nina) escolheram essa data, mas o fato é que, em
31/12/1947, eles casaram. Não tenho a informação sobre quantos convidados
compareceram, nem como foi a festa. Há uma clássica foto deles cortando o bolo
de casamento, então, já dá pra dizer que, ao menos, bolo teve!
Saber onde e quando será o
casamento, o que será servido, quantos convidados irão, tudo isso faz parte do
planejamento e é legítimo e fundamental levar a sério tais questões. No
entanto, não são elas que determinarão o sucesso do seu matrimônio, mas a longa
jornada do dia-a-dia constituída de pequenos atos.
Eu, como neto, sempre via os
meus avós paternos com curiosidade e admiração. Ambos eram muito carinhosos um
com o outro, inclusive no fim de suas vidas. Recordo-me dos dois, certa noite, conversando
entre si sem saberem que eram por mim observados: “Benzinho, ficamos ricos?”,
perguntou minha avó, questionando meu avô sobre o resultado da loteria. “Não,
meu bem. Não dessa vez”, ele respondeu. Eles riram juntos e se beijaram. Foi um
momento tão deles, tão íntimo e carinhoso, que me fez pensar, nos meus tenros
11 anos de idade, que era aquilo o que eu almejava para a velhice: não um
bilhete premiado, mas um amor que me acompanhasse por toda a vida. Certo, uma bolada
da loteria também seria bem-vinda, mas não teria valor se desacompanhada
daquele beijinho entre rugas.
Nem tudo foram flores em seu
matrimônio, mas eles superaram suas dificuldades juntos e foram um exemplo de
casal, além de terem formado uma linda família. Tiveram cinco filhos, treze
netos e deixaram um precioso legado. Não foram perfeitos, mas, abraçados nos
mais caros valores familiares, sempre lutaram pelo melhor, dispostos a se
sacrificarem um para o outro, para seus descendentes e muitos amigos.
A imagem acima é a das suas
Bodas de Ouro, comemoradas em 1997. Meu avô faleceu nove meses depois e,
passados quase nove anos da sua partida, ele recebeu, na Eternidade, minha avó.
Sou grato a Deus pelo exemplo de amor, perseverança, compreensão, amizade e
sacrifício dos dois, e é por isso que mantenho essa foto ao meu lado em meu
escritório.
Feliz ano-novo!
Querido Renan.
ResponderExcluirQue escreves muito bem todos sabemos, mas a emoção desse texto foi muito grande, dócil e extremamente carinhosa!
Não sou saudosista mas trago comigo as emoções à flor da pele e me emocionei muito.
Hoje é um dia diferente o último dia do ano(embora para mim seja somente um dia de recomeço, mais nada) e também o dia para lembrar com muita emoção e saudade dos ETERNOS AMORES DA MINHA VIDA, PAPAI E MAMAE.
Parabéns querido por manter e por
em prática o que aprendeste com eles!
Meu amor, Dinda.
Muito obrigado, dinda! Te amo❤
Excluir