Foi notícia nos últimos
dias, em Porto Alegre, um fato ocorrido no tradicional Colégio Anchieta em que
a Brigada Militar teria sido acionada em um caso em que uma criança de sete
anos se encontrava sem máscara. O pai do infante teria se exaltado na instituição,
opondo-se à obrigação de seu filho ao uso do equipamento, gerando a confusão
que resultou na intervenção da polícia. A história, porém, segundo relatos, não
seria tão simples.
De fato, sabe-se que o pai
tem esse posicionamento, e que o uso de máscara pelas crianças na escola é, além
de uma regra autônoma da instituição, o cumprimento de norma federal e estadual
(a municipal é mais flexível). O problema é que a escola, justamente em busca
de um equilíbrio entre a desproporção da regra e a vontade dos pais, não estaria
obrigando a criança a utilizar a máscara: seria o próprio menino que queria fazê-lo.
A instituição não lhe teria fornecido o item porque os pais expressamente não
queriam que ela fosse posta no filho sem seu consentimento.
Acontece que o rapazinho seria
o único da turma sem máscara. Ele teria se sentido excluído por estar sem o equipamento
em sua face e não conseguia entender porque era o único diferente na classe. Começou
a chorar. A direção teria contatado o pai explicando o que acontecia e a confusão
teve início.
Esse é um retrato do que nos
espera amanhã. O gurizinho estaria se sentindo excluído. Ele não queria usar a
máscara para conscientemente se proteger, mas se sentia desprotegido pelo fato
de que os outros a usavam. Se eles de fato estavam se protegendo ou protegendo
os demais, isso não seria relevante para a criança: os colegas a usavam e isso seria o que de fato a perturbaria em sua imaturidade.
Essa versão dos fatos traz
um retrato da geração que crescerá na pandemia. Uma geração amordaçada pelo
medo e que buscará se proteger não com base na verdade e nos reais (e
proporcionais) riscos de determinadas atitudes, mas para não se distinguir da
massa. Uma geração de sorrisos escondidos e que se acostumará a falar pouco e a
expressar cada vez menos seus sentimentos e pensamentos. Uma geração em que alguns serão excluídos ou, no mínimo, assim se sentirão em relação aos demais, os quais, por sua vez, serão estimulados a julgar e condenar o "diferente". Uma geração, enfim,
muito mais autoritária e menos livre.
*Imagem: https://kidshealthllc.com/how-to-get-your-child-to-wear-a-mask/sad-illness-child-on-home-quarantine-boy-and-his-teddy-bear-both-in-protective-medical-masks-sits-on-windowsill-and-looks-out-window-virus-protection-coronavirus-pandemic-prevention-epidemic/
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