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LEITURA QUE ALIMENTA

 


Uma das orientações de Hipócrates, o pai da medicina ocidental, é “que seu remédio seja seu alimento, e que seu alimento seja seu remédio”. Logo, o alimento errado será nosso veneno. No Brasil, comemora-se, hoje, o Dia do Leitor, que divide espaço com outra homenagem, a da Liberdade de Culto, o que não deixa de ser irônico.

 Muitas vezes, cultuamos o que lemos e não paramos para pensar do que, de fato, nossos espíritos têm se alimentado, priorizando o que parece satisfazer nossos egos. Ou seja, acabamos lendo não para buscarmos sabedoria, mas para confirmarmos o quão sábios somos. Na prática, cultuamos a nós mesmos ao lermos aquilo que apenas diz o que queremos ouvir. Isso é perigoso, pois, se fechados à verdade, a correnteza do que lemos nos levará às cataratas da mentira.

 Nessa linha, gostaria de recomendar a leitura do romance “Cartas de Elise”, do jornalista Luís Ernesto Lacombe, desenvolvida a partir de cartas enviadas pela bisavó do autor ao filho Ernst. Enquanto o avô de Lacombe fugiu da Alemanha Nazista para o Brasil, lá permaneceram seu irmão, tios, primos e amigos, além, claro, da sua mãe, Elise. À medida que a obra se desenvolve, demonstra-se como a vida dos que seguiram na Alemanha e dos que vieram ao Brasil é alterada durante a perseguição nazista aos judeus. Elise tarda a reconhecer a necessidade de deixar seu país, não percebendo, no início, o perigo, pois acha que ele não baterá à sua porta. Mais tarde, quando tomada por aflição e terror, sua fuga é esbarrada pelo nazismo.

 Mais do que uma homenagem de Lacombe, “Cartas de Elise” ensina que o mal “anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa devorar” (1 Pedro 5:8), e é preciso estar alerta e vigilante para reconhecê-lo e agir enquanto há tempo. Um livro que não nos entorpece com mentiras, mas alimenta a necessidade de manter os olhos abertos à verdade.

 Nesse Dia do Leitor, a dica é: seja humilde. Sem essa virtude, você não diferenciará os livros que de fato alimentam a sua alma daqueles que a envenenam. Então, quando deparado com a verdade, poderá ser tarde demais.

 Por Renan E. M. Guimarães

@cronicapop @cronicasealgomais

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