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O DIA DAS FAMÍLIAS E A INEVITABILIDADE DO SOFRIMENTO

Em alguns dias se comemora em nosso país o Dia das Mães. Também celebrada em diversas partes do mundo, a polêmica relativa ao seu suposto caráter comercial é quase tão antiga quanto a popularização da data. Todavia, ultimamente, outra vem sendo levantada, e não só em relação ao Dia das Mães, mas também no que concerne ao dos Pais: e se não há pai ou mãe para homenagear? É preciso refletir a respeito. A fim de responder a tais questionamentos, muitas instituições de ensino não mais realizam atividades relativas ao “Dia das Mães” nem ao “Dia dos Pais”. Nas semanas que antecedem tais datas, o que se celebra é o “Dia das Famílias”. A motivação para tanto é variada, havendo uma visão sociopolítica e cultural muito forte que a defenda baseada na ideia de “novas famílias”, como as monoparentais ou as formadas a partir de casais homoafetivos. Todavia, no caso específico de uma Escola Infantil a respeito da qual tomei conhecimento, a justificativa apresentada é que, tempos atrás, havia um alu

O NAZISMO É DE ESQUERDA OU DE DIREITA?

Duas semanas atrás, Ernesto Araújo, nosso atual Ministro de Relações Exteriores, concedeu uma entrevista que, até agora, repercute na mídia, nas redes sociais e nas rodas de conversa: de que o nazismo seria um fenômeno de esquerda. Tal posicionamento pessoal não foi uma novidade, já tendo sido apresentado pelo chanceler em outros momentos, inclusive em artigos, mas agora, uma vez integrante do governo Bolsonaro, sua repercussão é muito maior, tornando-o alvo de diversas críticas, nacionais e internacionais. Araújo foi “detonado” pela mídia tradicional e de maior circulação de nosso país, que repercutiu sua declaração somente a partir de críticos de tal posicionamento, deixando de ouvir quem porventura com ele concordasse (e há muitos, tanto no Brasil quanto no exterior). Dias depois, o presidente Jair Bolsonaro, em visita à Israel, quando o assunto já estava esquecido, ao visitar o Yad Vashem, o Museu do Holocausto de Israel, deu combustível à polêmica ao dizer que não teria dú

O "LISTÃO DAS GURIA" E OS "LISTÕES" DA VIDA

A notícia é de sexta-feira, mas apenas agora tive tempo para escrever a respeito. Estudantes do Colégio Anchieta, em Porto Alegre, revoltadas com um tradicional “listão” das alunas mais bonitas feitas pelos estudantes do sexo masculino da instituição, fizeram uma manifestação criticando o ato e, em protesto, publicaram um listão alternativo, no qual constam todas as alunas do 3º Ano do Ensino Médio, em que cada uma é destacada com uma característica positiva. A iniciativa, que teve razoável repercussão na imprensa, foi justificada, em suma, pela revolta das alunas acerca da “objetificação” da mulher feita pelo colegas homens, e pelos grandes problemas gerados em alunas que ficavam “de fora” da lista e, assim, excluídas do padrão de beleza vigente, o que lhes gerava, em certa medida, sofrimento e angústia. http://www.osul.com.br/alunas-do-anchieta-fazem-protesto-contra-listao-com-ranking-de-beleza/ E então? O que esse fato nos traz como reflexão? Alguns diriam que a iniciativa é

A ESPERANÇA

Quase todos os dias algum fato me indigna e venho a pensar que tudo está perdido. A cada nova denúncia de corrupção; a cada crime, dos mais sérios aos mais banais, que passa impune; a cada constatação de que nossos sistemas de saúde e ensino estão arruinados; a cada humilhação que algum adulto ou jovem impõe ao próximo; a cada lixo jogado no chão etc. No entanto, observo, já há alguns anos, que uma simples prática poderia ser usada como exemplo para que o nosso futuro seja melhor e, no mínimo, menos indignante: a solidariedade dos passageiros de ônibus. Quando pensam que vou falar de assentos que são cedidos aos necessitados, como idosos, gestantes e deficientes, estão enganados, pois embora eu já tenha presenciado esse tipo de atitude, tendo eu mesmo já a tomado (em algumas ocasiões, não sempre, admito), tenho que admitir que ela é bem menos comum do que aquela sobre a qual gostaria de tratar. Venho falar do oferecimento das pessoas para que segurem o excesso de "bag

GRATIDÃO POR GRANDES DIAS

Há dias que marcam as nossas vidas, ao final dos quais respiramos fundo, olhamos ao redor e esboçamos aquele sorriso que expressa que nada mais seria necessário no mundo do que aqueles momentos vividos. Sim, todos vivemos dias assim, do mais pobre ao mais rico, tudo conforme os valores e a relevância dada ao que envolve tais dias incríveis. Graças a Deus, posso dizer que sou uma pessoa muito feliz. Isso não se confunde com a ideia de que sou imune ao sofrimento, à tristeza, à raiva, à frustração, à vergonha, à decepção e às mais variadas dores físicas e emocionais. É evidente que não. Entretanto, não hesito em afirmar que a minha condição é a de uma pessoa muito feliz, e devo isso, como dito, a Deus, pois nasci em uma família abençoada que, acima de tudo, sempre me encheu de amor, carinho e companheirismo, tudo permeado com muita dedicação, sacrifício, disciplina, franqueza, amizade e união. Ter nascido em uma família tão maravilhosa, apesar das suas naturais e muitas vezes grandes i

A ANSIEDADE DE OLAVO DE CARVALHO PELA SUA REVOLUÇÃO CULTURAL

Há cerca de dois anos passei a irregularmente acompanhar Olavo de Carvalho em seu canal do YouTube. Inicialmente, a má qualidade de seus vídeos, a luz amarela de sua biblioteca, a fumaça de seu cigarro e o refrigerante para “atenuar” sua sede eram impressões visuais desagradáveis, o que acabava por cortar minha paciência nos vídeos mais longos. Quem me recomendou o canal foi o próprio YouTube e sua “inteligência” artificial (detesto tal tarefa de recomendação, pois sinto minha mente violada). Enfim, não passei a seguir o canal, mas às vezes assistia a algo. Ainda não li seus livros, embora dois deles estejam na minha estante. Aliás, não deixa de ser engraçado olhar para ela e, em meio a tantas obras, ser ofendido, com letras garrafais, de “idiota” e “imbecil”. É um alívio que não sejam palavrões! Na verdade, estou lendo “O mínimo que você deveria saber para não ser um idiota”, coletânea de artigos jornalísticos do filósofo organizada por Felipe Moura Brasil em 2013, mas como aind

CONTO - "O MONSTRO DA REPARTIÇÃO"

O despertador do telefone celular insistia em tentar acordar Alberto Soares, cujos roncos eram mais intensos do que os trovões daquela deprimente manhã chuvosa de segunda-feira. Trinta minutos depois de ter ativado pela primeira vez o modo “soneca” em seu aparelho, Soares cedeu e, enfim, acordou acompanhado por uma violenta azia. Olhou para o lado oposto de sua cama e decepcionou-se ao constatar que ali não estava a mulher formidável que o animara em seus sonhos, mas apenas a caixa de papelão da pizza de doze queijos que havia devorado na noite anterior enquanto assistia ao filme “Desejo de Matar”, estrelado por Charles Bronson, seu ator favorito. Percebeu que havia um pedaço remanescente, àquela altura frio como a madrugada daquele inverno. “Dane-se”, pensou, e antes que percebesse a barata que caminhava em seu lençol, seus dentes amarelados por vinte anos ininterruptos de ingestão de café já trituravam a fatia que tinha um sabor diferente daquele da noite anterior. Ainda se