Pular para o conteúdo principal

Postagens

COMO SE SEMPRE ESTIVESSEM LÁ

  Meus queridos amigos Andrei e Alice já viviam praticamente juntos e tinham planos que iam de uma grande e tradicional festa de casamento a uma celebração mais restrita no exterior, mas começaram a adaptar seu projeto para algo diferente: casar em casa. A casa, porém, não seria a deles, mas a da família do Andrei. Ou seja, o mesmo lugar onde noivo passou a maior parte de sua vida agora receberia as chaves para a sua nova e mais grandiosa etapa: o matrimônio.   Essa chave era a Alice, e é interessante pensar que uma casa, ainda que linda e cheia de histórias e realizações, habitada e usufruída por cerca de duas décadas por um deles, estava, em todo esse tempo, no aguardo do seu ápice, do seu mais fabuloso acontecimento.   A verdade é que a vida não dispõe de passado ou futuro. O que há é um constante presente. É assim o tempo aos olhos de Deus, e é assim que devemos exercitar nossa percepção da realidade. Logo, enquanto Alice e Andrei permaneciam à minha frente de mãos dadas, atent

TEMPO PARA TODO PROPÓSITO

  “ Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu ”. Quando falamos do amor de nossas vidas, muitas vezes os corações aflitos pronunciam esse primeiro versículo do famoso Capítulo 3 de Eclesiastes, conhecendo-o ou não, afinal, são palavras que confortam com sabedoria. É comum que a espera pela tal “pessoa certa”, no entanto, se dê diante dela e, o que é mais angustiante, por vezes o sentimento é mútuo, e tudo não se consuma por forças alheias aos amados.   Foi assim com a Mariana e o Marcos. Eles eram colegas de trabalho, e foram alguns anos apenas alimentando aquele sentimento com muito flerte, o qual, em razão das limitações existentes, passou a semear uma mútua e crescente admiração. Ironicamente, a espera tornou a raiz do seu amor cada vez mais forte e profunda.   Entre o tempo que nossos corações anseiam e o tempo certo, o tempo de Deus, há muitos detalhes, e quando fazemos menção ao famoso Eclesiastes 3:1, é importante lembrar que ele não s

O QUE “YOU”, “COBRA KAI” E “NÃO OLHE PARA CIMA” TÊM EM COMUM?

  Afinal, a arte imita a vida ou a vida, a arte? Difícil responder. Agora, se há uma certeza, é que a lacração nas telas e aquela que influencia ou pela qual é influenciada começa a ser questionada com muita ironia.   Alguns dos recentes sucessos da NETFLIX trazem isso com muita precisão. O suspense tragicômico YOU, a nostálgica série de ação COBRA KAI e o satírico filme NÃO OLHE PARA CIMA vão além de suas propostas originais e têm o mesmo pano de fundo: uma sociedade superficial, vigilante, covarde, autoritária e com valores distorcidos.   Enquanto YOU foca na falsidade de influenciadores digitais em sua busca por constante aprovação e na cultura de cancelamento que rompe os limites das telas e alcança as relações pessoais, COBRA KAI mira a pusilanimidade do espírito adolescente contemporâneo e a sua ausência de referências culturais que sejam providas de valor. Por fim, NÃO OLHE PARA CIMA certamente pesa a mão contra mentiras e meias-verdades promovidas pela mídia tradicional e r

LEITURA QUE ALIMENTA

  Uma das orientações de Hipócrates, o pai da medicina ocidental, é “que seu remédio seja seu alimento, e que seu alimento seja seu remédio”. Logo, o alimento errado será nosso veneno. No Brasil, comemora-se, hoje, o Dia do Leitor, que divide espaço com outra homenagem, a da Liberdade de Culto, o que não deixa de ser irônico.   Muitas vezes, cultuamos o que lemos e não paramos para pensar do que, de fato, nossos espíritos têm se alimentado, priorizando o que parece satisfazer nossos egos. Ou seja, acabamos lendo não para buscarmos sabedoria, mas para confirmarmos o quão sábios somos. Na prática, cultuamos a nós mesmos ao lermos aquilo que apenas diz o que queremos ouvir. Isso é perigoso, pois, se fechados à verdade, a correnteza do que lemos nos levará às cataratas da mentira.   Nessa linha, gostaria de recomendar a leitura do romance “Cartas de Elise”, do jornalista Luís Ernesto Lacombe, desenvolvida a partir de cartas enviadas pela bisavó do autor ao filho Ernst. Enquanto o  avô

CASAMENTO NO ANO-NOVO

  Não sei por que meus avós paternos Roberto e Gladys (a Nina) escolheram essa data, mas o fato é que, em 31/12/1947, eles casaram. Não tenho a informação sobre quantos convidados compareceram, nem como foi a festa. Há uma clássica foto deles cortando o bolo de casamento, então, já dá pra dizer que, ao menos, bolo teve!   Saber onde e quando será o casamento, o que será servido, quantos convidados irão, tudo isso faz parte do planejamento e é legítimo e fundamental levar a sério tais questões. No entanto, não são elas que determinarão o sucesso do seu matrimônio, mas a longa jornada do dia-a-dia constituída de pequenos atos.   Eu, como neto, sempre via os meus avós paternos com curiosidade e admiração. Ambos eram muito carinhosos um com o outro, inclusive no fim de suas vidas. Recordo-me dos dois, certa noite, conversando entre si sem saberem que eram por mim observados: “Benzinho, ficamos ricos?”, perguntou minha avó, questionando meu avô sobre o resultado da loteria. “Não, meu be

NO MEIO DO CAMINHO TINHA UMA PEDRA...

  Já defendi a sabedoria de clichês, afinal, deve haver algo de bom naquilo que é reiteradamente repetido de geração em geração. Porém, há aqueles baseados em percepções equivocadas da realidade, perpetuando-se falsos ensinamentos. Um deles é que um casal não deve dormir até que se chegue a um consenso ou faça as pazes.   Poucas coisas boas saem de uma cabeça quente. Brigas acontecem, e, por vezes, quanto mais se busca o tal “consenso”, mais intensa se torna a discussão. Ainda que uma das partes, ou mesmo as duas, sinceramente se mostre disposta solucionar a discórdia instaurada, se uma delas, ou ambas, parte de premissas erradas para defenderem seus pontos de vista, a paz baseada na concordância jamais será alcançada. Então, o melhor a fazer é uma retirada estratégica para que, com a cabeça fria, no dia seguinte, se encontre o tal ponto de equilíbrio.   Acontece que, ainda assim, isso talvez seja inviável. Às vezes não haverá consenso, seja por orgulho, seja pela legítima percepçã

UM TESTEMUNHO DE CONFIANÇA

Vocês conseguem imaginar alguém ouvindo de sua noiva que ela está grávida e que a criança seria fruto do Espírito Santo e viria a ser o próprio messias? Foi essa a dura experiência de José e da qual vem seu grande testemunho.   Ora, é claro que, para qualquer um, um adultério havia se consumado, e a desculpa seria ou fruto de um tremendo desvio de caráter de Maria ou da alucinação das alucinações. Para José, restaria a humilhação de casar com alguém que lhe fora infiel ou, a fim de encobrir tal fato, “assumir” que teria se deitado com sua noiva antes do matrimônio. Seu nome estaria manchado de um jeito ou de outro. Logo, a opção mais adequada seria o rompimento do noivado e deixar que Maria arcasse com as consequências do que evidentemente teria sido um desvio de seu comportamento.   No entanto, José não apenas manteve seu noivado como acreditou em Maria. Um otário? Não. Ele confiou que, de fato, teria havido um milagre. Claro, um anjo, em sonho, lhe disse para crer, mas ele, ainda