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INFINITAS TEMPORADAS DE AMOR

    Todo casal tem uma história e, como toda história, um começo. Acontece que esse momento não é, de fato, um primeiro passo, mas a mera introdução a um verdadeiro início, um nebuloso teaser (sequer um trailer) de uma série que se iniciará.   Aliás, foi uma série de TV o gancho para que meus queridos Jéssica e Giovani, cujo casamento celebrei na Love It, em Porto Alegre, iniciassem o seu namoro. Antes, porém, houve a tal introdução, o teaser para que eles soubessem da existência do outro e nele notassem, no mínimo, algo interessante, mas não o suficiente para clicarem no “assistir”.   Então, quase três anos depois, uma imagem postada nas redes sociais foi o gatilho para darem o play . Fã da série “Game of Thrones”, Giovani divulgou uma foto sua em que aparecia caracterizado como o personagem “Jon Snow”. Jéssica, outra fã inveterada do programa, a observou e ali enxergou algo mais do que aquele cara interessante de anos atrás e comentou. Giovane respondeu e, a partir dali, pass

TRADIÇÃO FAMILIAR

  Há poucas semanas, mostrei para a minha filha a coleção de “tazos”, aquelas figurinhas redondas que vinham, entre os anos de 1997 e 1998, nos pacotes da Elma Chips, que guardo desde então. O jogo não tem nada de especial, mas o belo dessa história é o fato de uma brincadeira da minha infância ser valorizada pela minha primogênita, enriquecendo nossa relação de pai e filha e explicitando um vínculo entre passado, presente e futuro. Ao mostrar-lhe algo dos meus tenros anos que eu valorizava, ela voltou seus olhos para aquilo de maneira diferente, pois não se trata de um mero jogo divertido, mas de um jogo divertido guardado há décadas pelo seu pai. Isso certamente é percebido por ela que, agora, vive pedindo para jogarmos, tornando-se uma diversão da família. Uma tradição.   Agora, o que é tradição? A mera repetição de ritos por grupos que possuiriam algum vínculo entre si, independentemente do seu sentido ou origem? Não, isso seria tradicionalismo, pois a expressão tradição que usam

À LUZ DE VELAS

  Tivemos um dia tranquilo e divertido aqui em casa, até que a forte chuva mudou o rumo do nosso domingo. Eram 17h30min quando caiu a energia elétrica e não tardou para concluirmos que a noite seria à luz de velas.   Sempre quando isso ocorre, sou tomado por dois sentimentos. O primeiro é de desconforto e ansiedade. Luz, à noite, é essencial, não apenas para enxergarmos bem, mas também para realizarmos as mais básicas tarefas domésticas. Sem ela, ficamos chateados, incomodados, indignados.   Todavia, há outro sentimento. Iluminados apenas pelas velas, vemos aquilo que precisa ser visto e valorizamos o que acontece na nossa frente. Num domingo à noite, por exemplo, é comum assistimos a algum filme, eventual trecho de noticiário ou a um jogo de futebol. Seja o entretenimento virtuoso ou não, uma consequência básica é ficarmos em silêncio durante aquele período. Lado a lado, mas calados.   Sem luz, isso não acontece. Ontem, não havia o que fazer a não ser ficarmos sentados na sala d

COMO SE SEMPRE ESTIVESSEM LÁ

  Meus queridos amigos Andrei e Alice já viviam praticamente juntos e tinham planos que iam de uma grande e tradicional festa de casamento a uma celebração mais restrita no exterior, mas começaram a adaptar seu projeto para algo diferente: casar em casa. A casa, porém, não seria a deles, mas a da família do Andrei. Ou seja, o mesmo lugar onde noivo passou a maior parte de sua vida agora receberia as chaves para a sua nova e mais grandiosa etapa: o matrimônio.   Essa chave era a Alice, e é interessante pensar que uma casa, ainda que linda e cheia de histórias e realizações, habitada e usufruída por cerca de duas décadas por um deles, estava, em todo esse tempo, no aguardo do seu ápice, do seu mais fabuloso acontecimento.   A verdade é que a vida não dispõe de passado ou futuro. O que há é um constante presente. É assim o tempo aos olhos de Deus, e é assim que devemos exercitar nossa percepção da realidade. Logo, enquanto Alice e Andrei permaneciam à minha frente de mãos dadas, atent

TEMPO PARA TODO PROPÓSITO

  “ Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu ”. Quando falamos do amor de nossas vidas, muitas vezes os corações aflitos pronunciam esse primeiro versículo do famoso Capítulo 3 de Eclesiastes, conhecendo-o ou não, afinal, são palavras que confortam com sabedoria. É comum que a espera pela tal “pessoa certa”, no entanto, se dê diante dela e, o que é mais angustiante, por vezes o sentimento é mútuo, e tudo não se consuma por forças alheias aos amados.   Foi assim com a Mariana e o Marcos. Eles eram colegas de trabalho, e foram alguns anos apenas alimentando aquele sentimento com muito flerte, o qual, em razão das limitações existentes, passou a semear uma mútua e crescente admiração. Ironicamente, a espera tornou a raiz do seu amor cada vez mais forte e profunda.   Entre o tempo que nossos corações anseiam e o tempo certo, o tempo de Deus, há muitos detalhes, e quando fazemos menção ao famoso Eclesiastes 3:1, é importante lembrar que ele não s

O QUE “YOU”, “COBRA KAI” E “NÃO OLHE PARA CIMA” TÊM EM COMUM?

  Afinal, a arte imita a vida ou a vida, a arte? Difícil responder. Agora, se há uma certeza, é que a lacração nas telas e aquela que influencia ou pela qual é influenciada começa a ser questionada com muita ironia.   Alguns dos recentes sucessos da NETFLIX trazem isso com muita precisão. O suspense tragicômico YOU, a nostálgica série de ação COBRA KAI e o satírico filme NÃO OLHE PARA CIMA vão além de suas propostas originais e têm o mesmo pano de fundo: uma sociedade superficial, vigilante, covarde, autoritária e com valores distorcidos.   Enquanto YOU foca na falsidade de influenciadores digitais em sua busca por constante aprovação e na cultura de cancelamento que rompe os limites das telas e alcança as relações pessoais, COBRA KAI mira a pusilanimidade do espírito adolescente contemporâneo e a sua ausência de referências culturais que sejam providas de valor. Por fim, NÃO OLHE PARA CIMA certamente pesa a mão contra mentiras e meias-verdades promovidas pela mídia tradicional e r

LEITURA QUE ALIMENTA

  Uma das orientações de Hipócrates, o pai da medicina ocidental, é “que seu remédio seja seu alimento, e que seu alimento seja seu remédio”. Logo, o alimento errado será nosso veneno. No Brasil, comemora-se, hoje, o Dia do Leitor, que divide espaço com outra homenagem, a da Liberdade de Culto, o que não deixa de ser irônico.   Muitas vezes, cultuamos o que lemos e não paramos para pensar do que, de fato, nossos espíritos têm se alimentado, priorizando o que parece satisfazer nossos egos. Ou seja, acabamos lendo não para buscarmos sabedoria, mas para confirmarmos o quão sábios somos. Na prática, cultuamos a nós mesmos ao lermos aquilo que apenas diz o que queremos ouvir. Isso é perigoso, pois, se fechados à verdade, a correnteza do que lemos nos levará às cataratas da mentira.   Nessa linha, gostaria de recomendar a leitura do romance “Cartas de Elise”, do jornalista Luís Ernesto Lacombe, desenvolvida a partir de cartas enviadas pela bisavó do autor ao filho Ernst. Enquanto o  avô