Pular para o conteúdo principal

FUTRIBAL


Quando fico estressado com determinado resultado de meu time, meu pai corta meu sentimento com a seguinte frase: "Deixa de ser bobo, guri! Ficar chateado com um bando de vagabundos correndo atrás de uma bola!". A questão é: por que eu, e todos os brasileiros e o resto da maioria do planeta, leva o futebol tão a sério, como se estivesse em jogo o nosso destino vital? Perguntas que podemos responder.

Afinal, o que é o futebol? Nos perguntamos sobre quais razões justificam um gasto exorbitante e o sacrifício de tantos nervos para assistir à atletas praticarem exercícios físicos buscando determinado objetivo. Na verdade, creio expressar-se no futebol um sentimento de amor tribal, algo inerente ao ser humano. A simpatia pelas cores, pela história, pelo patrimônio e pelos demais torcedores geram uma sensação de aceitação, conforto que remete à primitividade do homem. Na minha opinião, isso é evidente. Racionalmente falando, qual o sentido de ficarmos angustiados por dias pensando em uma decisão, de explodir comemorando uma vitória ou mergulhar em lágrimas no caso de derrota? Pior: por que brigar por futebol? O futebol é a virtualização (saudável) da guerra. Os clubes são as tribos e nós, torcedores, seus membros. Nosso lado mais antigo tem necessidade de guerrear por algo e por alguém, e o futebol nos faz, sem perceber, expressar esse sentimento.

É inegável que o futebol (e os demais esportes coletivos, principalmente) é a nossa fuga à primitividade, nossa busca por algo além da família pelo qual lutar e gritar, nossa expressão regionalista, nosso amor em comum.Todavia, precisamos manter a cabeça no lugar e deixar tudo isso na idealização, no sentido de que não vale a pena "morrer" por futebol, nem "matar". Não devemos levar o esporte tão a sério, mas utilizá-lo para o seu fim máximo: a diversão.



Publicado originalmente em 21/06/2007, no blog RENAÇÕES - renanguimaraes.zip.net - antigo blog do autor.

COMENTÁRIOS

[Greta Guimarães] [greta.guimararaes@uol.com.br]
Muito sensato e lúcido o teu comentário. Deverias enviá-lo para a Zero Hora. Quem sabe não terás uma coluna fixa lá? Talento tu tens. Beijos da Mãe.

23/06/2007 15:28

[Paulo Renato] [p-renatoguima@uol.com.br] [renanguimaraes.zip.net]
Belo artigo, meu filho. Que bom perceber que numa simples observação: "Deixa de ser bobo...bando de vagabundos...", tu conseguiste perceber o sentido e o objetivo exato da frase. Parabéns pela coluna e vá em frente. TE CUIDA WIANEI.

21/06/2007 11:54

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

TIA NOECI, HENRIQUE E EU

  Enquanto eu e o Henrique almoçávamos assistindo ao Chaves e ao Chapolin, lá estavas tu, convencendo o meu irmão a, para a comida, dizer “sim”, antes que eu desse cabo aos restos a serem deixados por ele que, diante de uma colher de arroz e feijão, insistia em falar “não”. Enquanto eu e o Henrique estávamos na escola, durante a manhã, na época do Mãe de Deus, tu arrumavas a bagunça do nosso quarto, preparando-o para ser desarrumado outra vez. Então, quando desembarcávamos da Kombi do Ademir, tu, não sem antes sorrir, nos recebias cheia de carinho e atenção, e dava aquele abraço caloroso que transmitia o que havia no teu coração. Enquanto eu e o Henrique, em tenra idade escolar, tínhamos dificuldades nos deveres de casa, tu estavas lá, nos ajudando a ler, escrever e contar, pois, embora a humildade seja tua maior virtude, ela era muito menor do que tua doação. Sabias que, em breve, não mais conseguirias fazê-lo, mas, até lá, com zelo, estenderias tuas mãos. Enquanto eu e o Henri...

O ÚLTIMO DIA DA MINHA INFÂNCIA

  Eu olhava para eles, e eles, para mim. Não sorriam, mas também não choravam. Apenas aguardavam, resignadamente, pela minha decisão. Estavam todos ali, amontoados no armário cujas portas, naquele momento, eram mantidas abertas. Encarando-os, via-me dividido, pois persistia, em mim, uma certa vontade de dar asas à imaginação e criar mais uma história com meus Comandos em Ação, meu Super-Homem, meu Batman, o Robocop. Porém, paradoxalmente, uma força interior impedia-me de fazê-lo. Sentia-me tímido e desconfortável, mesmo na solidão do meu quarto, onde apenas Deus seria testemunha de mais uma brincadeira . TRRRIIIIMMMM! O chamado estridente do telefone, daqueles clássicos, de discar, quase catapultou meu coração pela boca. De repente, fui abduzido pela realidade e resgatado de meus pensamentos confusos. Atendi. “ Oi, Renan! É o Harry!”, identificou-se meu velho amigo e, na época, também vizinho e parceiro de molecadas na Rua Edgar Luiz Schneider. “ V amos brincar de esconde-e...

Dica de Tiras - High School Comics

Essa tira foi desenhad a por um amigo meu, Rodrigo Chaves, o qual realizou tal trabalho em parceria com outro artista, Cláudio Patto. Acho simplesmente excelente essa série de tiras chamada "High Shool Comics", que trata do cotidiano da vida escolar, sempre com bom humor. Mereceria aparecer todos os dias nos jornais, sem dúvida. Se a visualização não ficou boa, cliquem na imagem. Querem ver mais? Então acessem: http://contratemposmodernos.blogspot.com .