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CELEBREMOS A VIDA

  E entramos na última semana de 2020 e é evidente que o principal, senão o único assunto em todas as retrospectivas possíveis será a pandemia, e não poderia ser diferente. Esse foi o ano dessa praga exportada, propositalmente ou não, pela China, e suas consequências nos acompanharão por muito tempo. Talvez sejam permanentes, mas isso é assunto para outro texto, pois, hoje, gostaria de trazer uma luz diferente para esse período. Ao parabenizar uma ex-colega de faculdade pelo seu aniversário completado no dia de hoje, parei para pensar na confusão de sentimentos dos últimos meses para ela, que se tornou mãe há pouquíssimo tempo. Assim como essa amiga, outras deram à luz crianças que, por sua vez, trouxeram luz para essas mães em um ano de muitas trevas. Poucas imagens emocionam mais do que as de bebês nascidos em meio à guerra ou a grandes crises como as vividas por nós devido à maldita pandemia . Pelo contexto, as lágrimas a lheias podem ser de tristeza e aflição, mas, acima de tud

A OUTRA ANIVERSARIANTE

  N ão se sabe exatamente o porquê de comemorarmos o natal em 25 de dezembro. Embora não haja nenhuma evidência de que Jesus teria vindo ao mundo nesse dia, o fato é que a escolha de uma data específica para comemorar o seu nascimento se deu por alguma convenção, o que não tira, evidentemente, a importância da celebração. A contece que há os que realmente nasceram em 25 de dezembro e que, ano após ano, “concorrem” com aquele que não tem concorrência. Bênção para uns, azar para outros, a verdade é que não é fácil aniversariar nesse dia, o que acaba sempre representando alguma frustração, de convidados ausentes à falta de parabéns; de presentes que se confundem com os de natal ao desinteresse pelo bom e clássico bolo de chocolate ante tantas outras farturas da data. Sei bem como ´é isso. Minha mãe nasceu no natal de 1958 e, obviamente, sempre nos dividimos em comemorar o seu aniversário e a data que, ao lado da páscoa, é a mais importante do cristianismo. Durante a ceia, a poucos ins

O ANIVERSARIANTE

  Fazia algum tempo que ele batera na s porta s das casas de todos da cidade. Alguns o receberam, mas outros, não. Com os primeiros, e não eram poucos, fez grandes amizades, e, no início, todos se lembravam dele, compartilhavam suas alegrias e angústias, convidavam-no para jantar, apreciavam sua companhia. Depois, tudo foi ficando morno, com a maioria se limitando a dar-lhe educados cumprimentos ao acordar e ao dormir. Muitos, nem isso. Outros s equer atendiam às suas ligações e, na rua, ou fingiam não conhecê-lo ou já haviam se esquecido de seu rosto. Então, no dia do seu aniversário, para retomar laços que outrora se mostravam tão fortes e belos, e nviou convites para aqueles que um dia se disseram seus amigos. Comida maravilhosa, decoração impecável, casa limpa e arrumada. Seria uma grande festa! Ao perceber as pessoas s e aproximando de sua casa, vibrou, exultante . Antes que batessem à porta, ele já a abriu. Sua alegria, porém, logo começou a ser desfeita, pois algo estav

O ÚLTIMO NATAL COM PAPAI NOEL

  E ra dezembro de 1993. Com 8 anos, eu era um dos poucos da minha idade a manter firme a crença em Papai Noel. Alguns nunca acreditaram, vê se pode? Insistiam que ele não existia, g abavam-se de como teriam descoberto a “verdade”, debochavam de mim. Pobre deles. A família estava reunida naquela noite quente de nat al . L ogo seria meia-noite. Foi quando percebi um vulto vermelho caminhando no jardim d e casa e u m i ncomporável “ Ho ho ho! Feliz natal! Ho ho ho!”. E ra ele. Alto, rechonchudo, cabelos e barba compridos e alvos como a neve. Ele suava, o que era previsível, afinal, sair do Polo Norte e dar um pulo no Brasil não é para qualquer um. Suas axilas fermentavam e encharcavam o casaco. Pobre Papai Noel! Minha alegria foi extasiante. O bom velhinho lera a minha carta e atendera o meu pedido: a sua visita . Às suas costas, um enorme saco com m uitos presentes. “Onde estão o Renan e o Henrique?”, perguntou Papai Noel. “Somos nós!”, respond emos , e corremos para abr

ESQUECERAM DE... QUEM?

  Por muitos anos , sempre havia aquela tarde do mês de dezembro reservada para Esqueceram de Mim , de 19 90. Trata-se da história de uma criança (Kevin Mc C allister , interpretado por Macaulay Culkin) esquecida pelos pais a alguns dias do natal . Enquanto o menino fica n o sótão da imensa casa, dormindo, a família, depois de ter acordado atrasada, tensa e confusa, o deixa para trás. Apenas quando o avião já estava em voo de cruzeiro é que sua mãe p ercebe a ausência do filho, que não s ó permanece solitário em seu lar, como o defende contra dois ladrões atrapalhados. A lém de divertid a , a obra , já alçad a a clássico, é lind a , preenchid a por uma ótima trilha sonora e com ricos momentos de reflexão sobre a data. S ua p rofundidade, porém, é maior do que parece, e v ejo Esqueceram de Mim como uma aula de misericórdia de Deus, ainda que, provavelmente, não tenha sido essa a intenção do roteirista e produtor John Hughes e do diretor Chris Columbus. A família Mc

UM POEMA PARA SEMPRE

"O Último Tamoio" (Rodolfo Amoedo, 1883).  Fonte da imagem: https://pt.wikipedia.org/wiki/O_%C3%9Altimo_Tamoio#/media/Ficheiro:Ultimo_tamoio_1883.jpg Meu avô Roberto Jeolás Machado Guimarães transmitiu um legado de sabedoria. Nele está incluída a tradicional "Canção do Tamoio", de Gonçalves Dias. Tradicionalmente, ele a declamava para seus filhos, entre eles o meu pai, nos seus momentos de tristeza e frustração.   Deus inspirou Dias, não tenho dúvidas. Seu poema, além de lindo, é um hino de força de vontade, resiliência e coragem que merece ser pregado nas paredes de todas as casas e transmitido de pai para filho. Não sei se meu avô ouviu essas palavras, pela primeira vez, da boca de seu pai ou mãe. Não importa. Essa cultura familiar, iniciada ou mantida por ele, é sábia e terna. Meu pai a passou para mim e meu irmão e nós a transmitiremos aos nossos filhos. Não se trata de mero tradicionalismo, mas de um vínculo com o passado firmado, como dito, em sabedoria.  Isso

LIVROS QUE FIZERAM A DIFERENÇA #1 - "PRISIONEIROS DA LIBERDADE"

  Hoje é quinta-feira, e o #tbt vai para o livro Prisioneiros da Liberdade , o primeiro publicado por Rodrigo Constantino. Trata-se de uma mera coletânea de alguns de seus artigos e está longe de se tratar de uma obra-prima.E la , porém, tem uma grande importância para mim. No ano de 2009, a ganhei de meu amigo Carlos Ricardo (com quem não falo há anos, aliás). Quando a li, confesso que fiquei muito desconfortável, pois muitas das posições manifestadas por Constantino me pareceram “radicais” (na verdade, algumas delas até foram revistas pelo autor com o passar dos anos, o que é trabalhado no livro “Confissões de um Ex-Libertário”). Cheio de razão, publiquei no antigo blog do autor (rodrigoconstantino.blogspot.com) uma extensa crítica (a reproduzi  aqui ), dizendo, em resumo, que muito da sua visão era inaplicável. Muitos dos seguidores do blog responderam, defendendo o e scritor e suas posições, e afirmando que, infelizmente, alguns não conseguiam entender os fundamentos das ideias