E entramos na última semana de 2020 e é evidente que o principal, senão o único assunto em todas as retrospectivas possíveis será a pandemia, e não poderia ser diferente. Esse foi o ano dessa praga exportada, propositalmente ou não, pela China, e suas consequências nos acompanharão por muito tempo. Talvez sejam permanentes, mas isso é assunto para outro texto, pois, hoje, gostaria de trazer uma luz diferente para esse período.
Ao parabenizar uma ex-colega de faculdade pelo seu aniversário completado no dia de hoje, parei para pensar na confusão de sentimentos dos últimos meses para ela, que se tornou mãe há pouquíssimo tempo. Assim como essa amiga, outras deram à luz crianças que, por sua vez, trouxeram luz para essas mães em um ano de muitas trevas.
Poucas imagens emocionam mais do que as de bebês nascidos em meio à guerra ou a grandes crises como as vividas por nós devido à maldita pandemia. Pelo contexto, as lágrimas alheias podem ser de tristeza e aflição, mas, acima de tudo, prevalecendo sobre todos os temores e incertezas, de alegria, esperança e gratidão. Esse é um clichê, mas é a verdade: não há futuro sem os bebês, não há futuro sem pais e mães que, corajosamente, decidem conceber e, a partir disso, sacrificar muito da sua individualidade para criar um serzinho novo. Mesmo quando o anjinho ou a anjinha não são planejados, ainda assim representam uma bênção, um novo tijolinho encantado, único e cheio de potencial para ajudar na edificação da humanidade, a começar pela revelação de uma nova natureza em seus pais e na transformação de suas famílias.
Acontece que, se forjados segundo valores deturpados ou em ambientes conflituosos e desestruturados, esses tijolinhos podem ser usados para quebrar vidraças, machucar outras pessoas ou, ainda, ser indevidamente posicionados na hora de tentar erguer os muros e fundamentos de suas existências. Se o contexto for como o atual, tomado por incertezas, então as perspectivas se tornam ainda mais sombrias. Porém, com a vida em sua gênese, nos é possível ajustar as velas dos nossos barcos favoravelmente aos ventos da virtude, levando-nos ao horizonte da esperança, tomados por coragem, amor e fé.
Sim, 2020 é um ano para chorarmos as nossas perdas, para lamentarmos a nossa decadência como civilização, para amaldiçoarmos um cerceamento sem precedentes de nossas liberdades. Entretanto, a que isso nos levará? Esses sentimentos são legítimos, mas não nos mostrarão um caminho. Miremos os sorrisos dos recém-nascidos e o seu amor espontâneo e sincero, uma prova material da existência de Deus. No final, é isso o que importa, e é isso que alimentará os ventos da esperança, da fé e do bom-senso e conseguirá soprar para um lugar melhor as nossas embarcações, mesmo em meio às tormentas.
Ao término desse ano, celebremos a calmaria trazida pela vida, e não as tempestades causadas pela morte e o medo. Ergamos nossas taças para o dia que se inicia, e não para a noite que termina.
*Imagem: https://www.babymed.com/why-your-baby-always-holds-your-hand
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