Pular para o conteúdo principal

Postagens

SOBRE CORAÇÕES VALENTES

  Até hoje, poucos filmes me emocionaram mais do que “Coração Valente”, um clássico do cinema. Eu tinha apenas nove anos quando, depois de não conseguir comprar ingressos para “Gasparzinho”, acabei, por acidente, assistindo àquela que seria uma das obras mais marcantes com que me depararia e que impactou a minha alma pelo poder e o significado de uma palavra: liberdade.   Como já faz mais de 26 anos de seu lançamento, de repente o leitor não saiba sobre o que é o premiado filme, talvez a mais bela e épica licença poética para a jornada de William Wallace, líder das revoltas escocesas que assombraram os ingleses no final do século XIII. Mais do que uma história de batalhas e intrigas, trata-se de uma aula sobre o valor da liberdade.   Quando falamos em valor, tendemos a distinguir seu significado: enquanto os valores morais são aqueles que conduzem a nossa vida, dirigem nosso olhar e moldam nossas ações, os valores materiais estão no preço estipulado para as coisas. Porém, a verdade

SERÁ QUE ELE É?

  Tenho escrito sobre “Os Cavaleiros do Zodíaco” (CdZ) nos últimos tempos, uma obra que, depois de vários anos de spin offs e continuações canônicas, passou a ser “revisitada”. Começou em 2014, com o terrível “ Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda do Santuário ”, mas o verdadeiro remake da série, lançado em 2018 pela Netflix, foi assustador, e digo isso por dois motivos: a desidratação do anime, que perdeu a dramaticidade do original, tornando os personagens menos profundos do que um pires de cafezinho, e a alteração do gênero do Shun, que virou “Shaun”.   Sobre Shun, a pergunta “será que ele é?” sempre me pareceu boba, pois a resposta, para mim, era muito óbvia. Embora a série original não contivesse personagens abertamente homossexuais, tinha aqueles que podíamos apontar de forma bem objetiva como efeminados (para os padrões da época, pelo menos), casos de Misty de Lagarto e Afrodite de Peixes, por exemplo, considerando seus trejeitos e características físicas. Shun tinha alguns elem

CAVALEIROS DA VIRTUDE #5: HONRA AOS PAIS

  Shun leva a fama de chorão, mas, talvez, a “carapuça” sirva melhor em Hyoga. Claro que estou brincando, pessoal, mas, convenhamos: é estranho um herói frequentemente sair gritando “mamãe” por aí. Em sua jornada, esse forte vínculo entre o Cavaleiro de Cisne e aquela que o colocou no mundo inclusive é apontado como sua fraqueza. Porém, isso era o que os inimigos do nosso guerreiro glacial simplesmente achavam ou, ao menos, o que gostariam que o herói pensasse. Na verdade, a grande virtude de Hyoga é justamente honrar a sua mãe.   A relação nostálgica e de ensinamentos entre Cisne e sua mãe sempre esteve presente, e é provável que Kurumada tenha feito isso pensando no grande clímax do confronto contra Camus de Aquário, que usa seus poderes para mandar para as profundezas do abismo do Mar da Sibéria o navio mausoléu onde jazia aquela que deu Hyoga à luz. Arrasado, Cisne converte a maculação de seu passado em ódio, mas esse sentimento não é suficiente para elevar o seu cosmo ao máximo.

CAVALEIROS DA VIRTUDE #4: PAZ E MISERICÓRDIA

  Qual o Cavaleiro do Zodíaco mais polêmico? Aliás, o que torna algo polêmico? A polêmica está naquilo que motiva um debate, e os debates só acontecem se há divergências sobre algo. Porém, nada é mais injusto do que as polêmicas relativas a Shun de Andrômeda, as quais acabam por ocultar as virtudes refletidas pelo personagem.   Quando eu era criança, poucos queriam ser o Shun nas brincadeiras, não pelas supostas polêmicas relativas ao personagem (que poderão ser exploradas em uma crônica própria, em outro momento), mas, especialmente, porque ele era o “chorão” da turma e, no aperto, frequentemente gritava “Ikkiiiii!”, como se fosse incapaz de derrotar os inimigos por conta própria. Ele não refletia o arquétipo do herói “macho alfa” encarnado nos outros quatro. Shun era diferente.   Shun sempre tentou evitar “lutas sem sentido”. Quando a pancadaria estourava, em vez de atacar, fazia uso da clássica “corrente circular”, e suas agressões geralmente se davam como um contragolpe. Eis, e

CAVALEIROS DA VIRTUDE #3: HUMILDADE, ARREPENDIMENTO E REDENÇÃO

  “Os Cavaleiros do Zodíaco” (CdZ) não fala de heróis perfeitos, mas de heróis de guerra, que são aqueles que lutam para defender princípios e valores fundamentais que estão sob ameaça. E um herói de guerra não leva flores para o campo de batalha. Há diversos tipos deles, mas sempre existe o que é menos misericordioso, frio e determinado. Eles são necessários. Shuns são importantes (sua misericórdia será abordada futuramente), mas um exército de Shuns seria facilmente derrotado. Ikki é esse soldado que carrega em si valores fundamentais, que luta e está disposto a morrer por eles, mas que é mais desprendido de amarras que poderiam impedir ou dificultar as ações necessárias para que o bem protegido o seja de fato. Mesmo assim, o anti-herói dos mocinhos também tem uma jornada rica e virtuosa.   Ikki é um homem perturbado por rancor e consumido por ódio. Durante sua luta contra o irmão e os antigos amigos, o Cavaleiro de Fênix, assombrado pelos traumas do passado, percebe o quão horríve

CAVALEIROS DA VIRTUDE #2: AMIZADE E SACRIFÍCIO

  Algumas pesquisas de sites especializados em "Os Cavaleiros do Zodíaco" dizem o contrário, mas, no auge do anime, nos anos 90, sempre ouvi que Shiryu era o preferido da galera. Talvez pela cabeleira, de repente em razão da estilosa tatuagem do dragão nas costas, mas, sem dúvidas, também pelas duas virtudes que o Cavaleiro de Dragão promove em seus caminhos.   Shiryu, ao confrontar o Dragão Negro, disse ao adversário: “ No mundo, pode não existir nada pelo que valha a pena nos sacrificarmos, exceto... exceto pela amizade! Não sabemos o que é amor de pai, o que é amor de mãe. Por isso, amigos são tudo o que nos resta! Pelo menos, eu, Shiryu, escolho morrer por aquilo em que acredito! ”.  Não há nenhum outro personagem que invoque a amizade como Shiryu, que a coloque não como um sentimento, mas sim como o fundamento para a mais valorosa de todas as ações: o sacrifício. Porém, o que pode levar um amigo a se sacrificar pelo outro, que seria literalmente morrer para salvar aq

CAVALEIROS DA VIRTUDE #1: CORAGEM, PERSEVERANÇA E FÉ

  Seiya de Pégaso, embora protagonista de “Os Cavaleiros do Zodíaco”, nem sempre é o preferido dos fãs que, por alguma razão, na maioria das vezes, parecem identificar-se com os demais defensores de Atena. É inegável, porém, que a estrela do anime e do mangá transmite muitas virtudes em sua jornada.   A primeira delas seria a coragem. Claro, esse é o requisito número 1 de qualquer herói, mas Seiya o faz de maneira diferente, especialmente no seu combate contra Misty de Lagarto. O formoso cavaleiro de prata, cujo grande poder era a criação de um paredão de vento que o protegia como um campo de força, exaltava sua beleza intocada e por nunca ter sido ferido em combate. Ao receber o primeiro golpe do herói, ouviu a épica e sábia afirmação que segue ecoando em minha mente como um mantra: “ Ninguém pode ter orgulho de um corpo sem cicatrizes! Cicatrizes são provas de coragem! Como é que você, que não conhece a dor, quer obter a verdadeira vitória? ”. Demais, né? Só de ler isso já dá vonta