Seiya de Pégaso, embora protagonista de “Os
Cavaleiros do Zodíaco”, nem sempre é o preferido dos fãs que, por alguma razão,
na maioria das vezes, parecem identificar-se com os demais defensores de Atena. É
inegável, porém, que a estrela do anime e do mangá transmite muitas virtudes em
sua jornada.
A primeira delas seria a coragem. Claro, esse
é o requisito número 1 de qualquer herói, mas Seiya o faz de maneira diferente,
especialmente no seu combate contra Misty de Lagarto. O formoso cavaleiro de
prata, cujo grande poder era a criação de um paredão de vento que o protegia
como um campo de força, exaltava sua beleza intocada e por nunca ter sido
ferido em combate. Ao receber o primeiro golpe do herói, ouviu a épica e sábia afirmação
que segue ecoando em minha mente como um mantra: “Ninguém pode ter orgulho de um corpo sem cicatrizes! Cicatrizes são
provas de coragem! Como é que você, que não conhece a dor, quer obter a
verdadeira vitória?”. Demais, né? Só de ler isso já dá vontade de largar um
“Meteoro de Pégaso” nas frustrações.
Seiya defendia a autoflagelação? Claro que não.
Todavia, não negava que a jornada rumo a um objetivo nos inflige feridas, tropeços,
dores no corpo e na alma. Só há vitória se houver obstáculos a serem superados.
Não se trata de torcer por eles, mas de aceitar que estão lá, diante de nós. Somente
assim seremos capazes de unir força e sabedoria para seguirmos adiante. Evitá-los
nos garantirá uma sensação de segurança, um “safe space”, mas ou nos afastará
da verdadeira vitória ou nos tornará fracos, arrogantes e covardes. E quanto
mais fracos, arrogantes e covardes, mais enfraquecidas se revelam as barreiras
que supomos nos proteger, e a beleza e perfeição que pensamos enxergar em nosso
reflexo no mar logo se converterá na dolorosa realidade.
Outra virtude formidável promovida pelo
Cavaleio de Pégaso é a perseverança. “Eu
não vou me dar por vencido” talvez seja a expressão mais repetida por Seiya
em toda a série, depois de “Saoriiii”,
mas, apesar de reduzida a um clichê, é muito significativa. Perseverar é
exatamente isso: não se dar por vencido. Isso se confunde com estupidez? Às
vezes, sim, mas, na maioria delas, não, afinal, o que é dar-se como derrotado? Ou
melhor, quem pode nos dar como derrotado? A resposta é: nós mesmos. Apenas nós
sabemos quando não dá mais para seguir adiante, e se de fato estamos motivados
e devidamente embasados para continuarmos nos arrastando pelos degraus do Santuário,
então é porque sabemos e sentimos que o cosmo que existe em nossos corações e
mentes, em nossas almas, ainda queima.
Por fim, a fé. Sim, Seiya é um homem de fé em
Atena. Não estou, aqui, fazendo proselitismo religioso pelo paganismo grego, é
claro, mas Seiya, quando arrebentado em suas mais diversas contendas,
especialmente nas derradeiras, sempre se lembrava da deusa a quem ele é fiel. Na
série, nada é mais significativo do que o momento em que Seiya, desprovido de
todos os sentidos, alcança a estátua de Atena tateando o chão e as paredes. Porém,
ao erguer o poderoso escudo cujo brilho é capaz de salvar sua senhora, não tem
ideia sobre para onde apontá-lo. Ele não se desespera, pois tem fé. Então,
sente o cosmo da deusa e a enxerga. Está certo de que é para aquela direção em
que deve apontar o artefato. Ainda que atingido por Saga de Gêmeos, ele
consegue refletir a luz do escudo para Saori, e o milagre acontece.
Assim é na vida: às vezes, nada mais parece
ter sentido, havendo momentos, inclusive, em que sentimos como se nada mais
sentíssemos, ou seja, como se tivéssemos perdido os nossos sentidos,
restando-nos, no máximo, tatear no escuro. Resta-nos desistir ou seguir
adiante. Para que a segunda opção seja viável, não há dúvidas de que a chance
de termos sucesso nessa jornada em meio às trevas do vale da sombra da morte é
se agarrar firmemente no cajado da fé, na certeza de que Deus vai nos revelar o
caminho certo. É só por meio dessa fé que os milagres acontecem, pois, por trás
de todo milagre, ainda que diante de incrédulos, há um Seiya detonado que segue
firme e fiel na sua fé, perseverando apesar de toda a desesperança que o
envolve.
Seiya, portanto, é muito mais do que o mero
protagonista de um mangá ou anime, mas se trata de um fabuloso e bem construído
vetor de maravilhosas e elementares virtudes que, da maneira como apresentadas,
conseguem tocar, com sabedoria, o espírito infantil. Afinal, não há fé genuína
que se sustente sem perseverança, e não há perseverança forte o suficiente se
desprovida de coragem. Eis o nosso Cavaleiro da Virtude do dia: Seiya de Pégaso,
o homem da coragem, da perseverança e da fé.
Então, alguma outra virtude de Seiya vem à
mente de vocês? Comentem!
*Imagem: https://saintseiya.fandom.com/es/wiki/Escudo_Aegis
Ele é o Rocky. Apanha de todo mundo mas no final prevalece.
ResponderExcluirExcelente comparação!! heheh
ExcluirAbração
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