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CRIPTOGRAFIA PELA VERDADE

 


Há muitas incoerências na luta contra o grande mal da atualidade, e espero que vocês entendam o que digo.

 Há um grande movimento em todo o mundo para a criação cidadãos de segunda classe. A promoção de uma poçãonização obrigatória para nos protegermos do Cão Vide é crescente, mas há grande, e justa, resistência, não por se tratar de uma poção, simplesmente, mas uma poção nova e em desenvolvimento. De forma disfarçada, não se obriga ninguém a se poçãonizar, mas restringem-se direitos básicos, como o de ir e vir, àqueles que não o fazem. Não quer a poçãozinha? Ok, então você está proibido de ir ao clube, ao cinema, ao shopping, ao supermercado, à escola, faculdade, a repartições públicas e assim por diante. Seja feliz isolado em casa e longe de tudo e todos.

 Caso você não se sensibilize com essa aberração moral, então há um problema no seu coração, e falo sério, e se essas minhas palavras lhe ofendem, peço desculpas, mas olhe-se no espelho e reflita. Você realmente concorda com isso? Voluntarie-se logo, então, para fornecer pijamas listrados e letras “N” para serem colocadas nos peitos dos “negacionistas”. Pois o próximo passo após o sufocamento civil é esse.

 “Ah, mas há várias poções obrigatórias”. É verdade, e é por isso que o problema não está efetivamente nisso, mas no fato de as poções para o Cão Vide serem experimentais, o que é inegável. O motivo é simples: aquilo que foi divulgado um ano atrás, até um pouco menos, já foi superado. A grande falácia era a proteção completa para casos de mortes, como no caso da Carona Vaca. Tarcísio Meira é um exemplo notório, mas há milhares. A informação inicial foi mentirosa? Não exatamente, pois correspondeu aos resultados dos estudos até então. Estudos de menos de um ano e com um público muito limitado. Estudos que continuam mesmo depois de iniciada a campanha. Não julgo a campanha emergencial, e acredito que as melhoras na pandemonia estão diretamente relacionadas à poçãonização, mas é errado promover a obrigatoriedade de algo experimental. O fato de haver a “conclusão” (as aspas se justificam porque talvez, em alguns meses, essa medida se revele vã ou equivocada) de que seria necessária uma terceira dose aos “poçãonizados” pela Carona Vaca, mas de F4i Z3r, prova que o experimento continua e a população é cobaia.

 Tudo bem ser cobaia. Acontece que não pode haver cobaia não-voluntária. Isso seria nazista. Logo, a obrigatoriedade é absurda. Os efeitos nocivos acontecem aos montes e vão muito além da febrezinha. Há casos graves, como os referentes à poção do Astral do Zé Soneca, em especial, com seus AVCs e tromboses, mas também relativos à F4i Z3r e os seus danos ao coração. Há outras consequências ruins relatadas, referentes a outras poções. Ouvimos na mídia, nas redes sociais e pessoalmente, inclusive de médicos a respeito de colegas! Portanto, obrigar as pessoas a tomar poções ainda em estudo é simplesmente desumano, um verdadeiro crime, um crime que acontece não só mediante ordens governamentais diretas, mas, principalmente, indiretas, através das restrições à vida civil ou, inclusive, omissões diante de restrições privadas moral e cientificamente injustificáveis.

 Esse é outro ponto. Além de claramente seguir em estudo, indicando uma ausência de consenso a respeito de efeitos positivos e negativos, o que, por si só, já se revelaria suficiente para vedar qualquer obrigatoriedade, restrição civil pública ou omissão a respeito de restrições civis privadas, elementos práticos acerca da poçãonização revelam o absurdo de sua imposição.

 Em primeiro lugar, reitero que não sou contra a campanha de poçãonização emergencial, afinal, em princípio, ela tem contribuído para o recrudescimento da pandemonia. Certo, talvez isso seja questionável, como dizem alguns especialistas que entendem que essa diminuição de casos e óbitos se daria de qualquer forma, mas vou ceder, aqui, crendo em alguma boa-fé do outro lado. De qualquer forma, considerando que a melhora se deu a partir da poçãonização, então toda essa melhora aconteceu, e segue acontecendo, de maneira voluntária.

 Ou seja, milhões têm tomado a poção porque querem, e isso já contribuiu para a drástica redução de casos, internações e mortes. As UTIs estão vazias há meses, e a decadência aconteceu inclusive no inverno, apesar de um natural, e breve, aumento de casos, como acontece com qualquer mal desse tipo no frio.

 Ou seja, aquele problema inicial de risco de lotação de UTIs e caos progressivo nas emergências em decorrência do Cão Vide (lembrando que, no Brasil, sempre houve “caos nas emergências”, uma típica pauta política, inclusive), claramente acabou.

 A moléstia, porém, continua e continuará, e nunca houve uma perspectiva séria de que ela seria, em um, dois ou cinco anos, extinta. Isso é ridículo. É uma moléstia controlável em alguma medida, mas seu contágio seguirá acontecendo, assim como internações e mortes. Além disso, os poçãonizados por qualquer poção seguem pegando o Cão Vide. Alguns diriam que o problema é dos não-poçãonizados (olhe o nazismo à espreita...), mas já está demonstrado que poçãonizados também transmitem! Bom, se a poção não impede a contaminação e a transmissão, não há lógica em sua obrigatoriedade! É possível, até evidente, que elas contribuíram, ou até mesmo foram as grandes responsáveis, para a melhora da situação, mas como isso se deu voluntariamente, então reforça-se, no mínimo, a desnecessidade de uma obrigatoriedade.

 Logo, se os estudos a respeito das poções estão em andamento, e considerando que, no espaço de um ano, muita coisa apontada a respeito delas mudou drasticamente, é óbvio que defender sua obrigatoriedade é errado, afinal, não há consenso a respeito de sua efic4c1a e efeitos colaterais. Também é errado sua obrigatoriedade (entendida esta, repito, não apenas como a coação governamental objetiva para que as pessoas recebam a poção, mas também como a imposição de restrições civis públicas ou a omissão relativa a restrições civis no âmbito privado) pelo fato de que as pessoas poçãonizadas seguem se contaminando e transmitindo o Cão Vide. Além disso, verifica-se que há meses não mais há um contexto de caos na saúde pública, o que não se confunde com ausência de casos, internações e mortes, tampouco com eventuais picos inerentes a quaisquer v1ru5 em determinadas épocas do ano.

 Outra incoerência é a respeito de mantos faciais. Qual a lógica, hoje, de sua obrigação na rua? Tem imagem mais patética do que a de uma pessoa caminhando solitariamente em um parque arborizado usando uma máscara? Que risco ela representa e a quem? Em grandes aglomerações, como em ônibus, eu até poderia ceder minimamente no ponto, mas aglomeração é diferente de lugar com muitas pessoas, pois essas muitas podem estar bem esparramadas e distantes umas das outras. De todo modo, ainda que se aceitasse todo o argumento a respeito dos mantos faciais no contexto da pandemonia, ele não mais se aplica após um ano e meio de experiências, pois as pessoas, mesmo aquelas mascaradas o tempo todo, pegam o Cão Vide. Além disso, é preciso reiterar que não mais há o caos na saúde pública, de maneira que não mais seria necessário impor medidas restritivas como os mantos faciais, sendo cabível, em tese (e forçando muito), a liberdade de pessoas ou instituições privadas as utilizarem ou exigirem seu uso em alguns contextos, como em ônibus, por exemplo. Porém, quando o assunto são as crianças pequenas, considero sua imposição, mesmo por pessoas físicas e jurídicas no escopo de sua autonomia privada, um absurdo, pois desprovido de fundamento e por trazer consequências claramente negativas.

 Quando à falta de fundamentos, qualquer um sabe que uma criança pequena não é disciplinada com o uso da máscara. Ainda que o seja quanto a não retirá-la, ela, durante suas brincadeiras, em especial, corre, a deixa cair, pega de qualquer jeito e a coloca de maneira errada e assim vai. A lógica do uso de mantos faciais não está apenas no uso, em si, mas no seu correto manejo. A parte frontal dos mantos faciais contêm gotículas alheias, e se o usuário entra em contato com elas, o estrago está potencialmente feito. A criança pequena coça os olhos e o nariz e, eventualmente, se esquece de lavar as mãos. Para elas, a máscara se revela uma fonte extra de contaminação, e não contrário.

 Como disse em meu outro texto, determinou-se, no RS, a obrigatoriedade de uso de mantos faciais para crianças a partir dos três anos de idade em escolas públicas e particulares. Qual a lógica disso, considerando não apenas os aspectos técnicos e práticos referidos acima, mas, também, todo o contexto de decadência da pandemia? A resposta é simples: nenhuma! É uma contradição, pois tal medida, em tese, até poderia ser passivamente aceita na retomada das escolas, mas agora, quando tudo vai melhorando? Não há nenhum sentido! A “justificativa” estaria na Lei Federal 14.019, mas esta data de 02/07/2020, ou seja, ela é do auge da pandemonia! Não se aplica ao contexto atual e, embora em vigor, não se aplica. Seria algo como criar uma lei de combate à Gripe A, com restrições específicas para esse vírus, quando a sua crise acabou há mais de dez anos!

  É evidente, aqui, que o que se busca por meio de mais uma restrição não é a proteção das pessoas, mas manutenção do poder através de um estado de permanente crise sanitária que não mais existe, o que não pode ser confundido com ausência, com o fim desse mal. A pandemonia já foi vencida e isso é diferente de extinguir o maldito Cão Vide Shaolin!

 Ainda sobre os mantos faciais impostas para crianças pequenas, elas trazem uma consequência empiricamente constatável, que é a inibição de suas expressões, desde as faciais, passando, evidentemente, pelas verbais. Se para um adulto já é desconfortável conversar com mantos faciais, imaginem para uma criança que ainda fala com muitas limitações e sequer tem plena capacidade de expressar seus sentimentos com palavras? Inibida fisicamente para falar, a ela também é vedado exibir de maneira clara aos demais as expressões de seu rosto que poderiam indicar seus sentimentos silenciosos. Seu sorriso não será visto pelo colega, que também não poderá demonstrar o seu, e por aí vai, e tudo isso em uma fase crucial da formação dessas pessoinhas. Isso é tão claro, óbvio, que chega a irritar. As consequências psicológicas negativas do uso obrigatório de mantos faciais em crianças pequenas é evidente!

 Por fim, não podemos esquecer que o Cão Vide, se “morde” as crianças, dificilmente lhes fará mal, e se elas passarem para os pais, o risco deles adoecerem de maneira grave tem se revelado muito baixo, tendo em vista o registro da decadência de casos, internações e mortes. Se havia um momento crítico que, em tese, pudesse justificar tal obrigação, ele já passou e não é agora.

 Assim, tendo em vista a ausência de fundamento científico para tal medida, considerando, repito, o contexto da pandemonia, e sopesando-se não só a in3f1các1a da medida quanto a proteção dos pequenos e de suas famílias, além das previsíveis consequências psicológicas negativas para a formação das crianças, a obrigatoriedade é absurda.

 Indo para a conclusão, estamos vivendo um momento perigoso, tanto que procurei expressar minha opinião de forma criptografada a fim de não cair na “malha fina” dos algoritmos censores das redes. Questionamentos como esses deveriam ecoar intensamente, especialmente pelos grandes veículos de comunicação e de produção cultural (novelas, filmes, séries etc) que, infelizmente, ainda são os que orquestram a maior parte da opinião pública.

 A pandemonia foi real, mas a decadência do caos das emergências aponta para o seu fim, que apenas não foi anunciado por motivos, no mínimo, obscuros. O Cão Vide segue e seguirá, para sempre, “mordendo” e levando pessoas à internação e, outras, à morte. É uma realidade da vida, da natureza. Moléstias existem, debilitam e podem matar. Aceitar esse fato não é promover “seleção natural”, mas reconhecer que isso é da vida, assim como são as moléstias cardiovasculares, o câncer e quaisquer outras que existem e seguirão existindo e matando, como a própria gripe comum. Deve-se combatê-las, mas esse combate não pode implicar na restrição das mais básicas liberdades, nem ter um resultado, por meio de imposições, muito piores do que a própria moléstia.

 Por fim, é preciso saber qual o lado que caminha para a verdade. Certamente, a verdade jamais será encontrada no silêncio. É preciso haver ampla liberdade para buscá-la, a começar pela de expressão, por meio da qual é possível organizar e revelar nossos pensamentos. Sem a liberdade de expressão, sequer há a de pensamento, afinal, de que adianta pensar a respeito se tais reflexões não puderem encontrar ouvidos ou olhos alheios? Não há liberdade de pensamento se tivermos apenas o travesseiro como interlocutor.

 De fato, a liberdade de expressão permite a circulação de mentiras, informações incompletas e ardilosamente editadas, além de equívocos. Porém, o único caminho para denunciá-las não é apontando-as como tais e retirando-as de circulação, mas revelando o seu erro. Diante de tal revelação, deve-se haver margem para réplica e, ao cabo, a verdade, ou, no mínimo, o mais próximo dela, virá à tona.

 Acontece que a pandemonia se mostrou como uma grande oportunidade aos inimigos da verdade, e estes não são os “mentirosos”, por incrível que pareça, mas aqueles que pensam deter o monopólio da virtude. Em vez encararem o ringue em busca da verdade, simplesmente pressupõe que já a conhecem, atacando aqueles que deles discordam, não com argumentos, mas através de rótulos simplistas e, o que é pior, atos de censura. Por isso a minha mensagem é toda “criptografada”, pois busco, no mínimo, fugir da censura automática para expor meu pensamento.

 Pois se existe o bem verdadeiro, ele deve ser buscado, e se ele é verdadeiro, então há verdade, e a verdade apenas será encontrada e, com ela, o mais próximo do bem verdadeiro, se houver liberdade para tal, e não há liberdade se palavras ou questionamentos forem tabus.

 Então, meu amigo que esforçadamente chegou até aqui, lhe digo que você está no caminho do bem se defende a liberdade de expressão, a liberdade para questionar e apontar decisões incoerentes, absurdas e ilógicas referentes às poções e mantos faciais para crianças, e a incoerência entre o que motivou tais restrições e o atual contexto da pandemonia. Agora, se você acha errado realizar tais indagações ou, embora timidamente não o faça, apoia aqueles que o fazem, então cuidado: você não está no caminho do bem, pois se o bem está na verdade e apenas poderá, senão encontrado, ao menos ser vislumbrado com liberdade, a começar pela de expressão, você ruma para o mal, que é, ele próprio, a origem das mentiras.

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