He-Man, ícone da década de
80, sempre foi alvo de tentativas de “modernização”, e, em 2021, a Netflix
trouxe duas delas. Sobre o desserviço de “Mestres do Universo: Salvando
Eternia”, posso dizer que é apenas mais uma panfletagem que se revela a cada
diálogo e no corpanzil de MMA de Teela, sua verdadeira protagonista. Talvez já
prevendo seu fracasso, menos de dois meses depois veio o verdadeiramente novo
“He-Man e os Mestres do Universo”, todo em CGI. Aí a coisa muda de figura.
Apresentando um Príncipe Adam
e aliados adolescentes, traz uma origem para He-Man, e, embora presentes, os “Poderes
de Grayskull” se confundem com alta tecnologia, deixando aquela pulga sobre o
que transcenderia a matéria e o que seriam fenômenos simplesmente
incompreendidos e manipulados pela engenharia avançadíssima de Eternia. A ideia
da série foi legal e criativa, e muito de seu cerne está na origem do poder que
turbina não só Adam e Pacato, mas todos os seus amigos. Seria magia ou a
tecnologia de seus artefatos? O primeiro verso da música de abertura responderia:
“Nós temos poder, está dentro de nós”. Há verdade nisso?
Antes de concordar ou
discordar, é preciso cozinhar a reflexão. Afinal, o leite condensado do
interior de um cupcake nasceu daquela
massa de bolo ou foi colocada pelo confeiteiro? Assim, nossa existência e os
dons que a recheiam seriam mero resultado do acaso ou fruto do design inteligente de um masterchef do universo?
Sim, temos dons que são
nossos, mas de onde eles vêm, quem os plantou em nossos corações e quais objetivos nos motivam a usá-los são perguntas relevantes. A resposta depende dos
fundamentos erguidos por princípios que moldam nossos valores, as lentes que nos
permitirão reconhecer nossos dons e identificarmos alvos realmente elevados
e dignos de serem alcançados.
Um dom é um poder, uma gota de
Deus que irriga o campo de nossas almas para semearmos algo que crescerá em
abundância. Porém, se ignorarmos as lentes dos valores moldados por princípios
elementares que nos vêm sendo revelados há milênios, dizer “eu tenho a força”
poderá chamar um raio não para a espada que erguemos em nome de algo que pensamos ser virtuoso, mas para as nossas cabeças, reduzindo-nos a um esqueleto patético movido por vícios.
*Imagem: https://observatoriodocinema.uol.com.br/series-e-tv/2021/09/apos-salvando-eternia-nova-serie-de-he-man-chega-na-netflix
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