Ontem, 20 de setembro, vimos
borbulhar reflexões como “comemorar o quê?”, “a verdade sobre a Revolução Farroupilha”,
entre outras. Tudo para macular um dia em que os gaúchos orgulhosamente celebram
a nação que os une.
O leitor tem orgulho de sua família? Apesar
das diferenças entre seus membros e previsíveis imperfeições, ele provavelmente
dirá que sim e que ela é digna de ter sua história e ensinamentos valorizados.
Pois um orgulho nacional é a mesma coisa. “Nacional” vem de “nação”, e uma
nação é um povo que divide uma história, valores e cultura relativamente
comuns. Ou seja, toda nação é, em certa medida, uma grande família, e
orgulhar-se dela não é ignorar seus erros, mas valorizar os fundamentos
virtuosos compartilhados por quem se identifica como pertencente a ela e a um
liame histórico e cultural que conecta o passado ao presente, apontando, com
segurança, para o futuro.
Ao cantarmos que, aqui, “tudo que se
planta cresce e o que mais floresce é o amor”, apenas contemplamos
carinhosamente a nossa terra e desejamos o melhor para ela. Quando falamos que “Deus
é gaúcho, de espora e mango”, não estamos nos julgando superiores, mas sim gratos
ao Senhor pelo lugar onde nascemos ou, simplesmente, vivemos. Por fim, clamar
que nossas façanhas sirvam “de modelo a toda terra” não é um brado ufanista,
mas um chamado à responsabilidade e à virtude, afinal, não bastam as façanhas:
elas devem ser dignas de serem referenciadas, sendo, portanto, um mandamento,
um olhar para frente, mantendo na bagagem obtida no passado aquilo que nos
ajuda a seguir no caminho da virtude, o que inclui o aprendizado com os erros.
Todo povo erra, toda família erra,
todo indivíduo erra, mas suas façanhas virtuosas merecem ser lembradas e
exaltadas. Ao realizarmos a colheita no campo do passado e separarmos o trigo
de nossos feitos, devemos aproveitá-lo para fazermos o pão da virtude que
alimenta nossas almas e semearmos sua continuidade, e não queimar toda a
plantação para garantirmos que o joio dos vícios não mais cresça. Afinal, povo
que não tem passado acaba por ser escravo do presente e faminto da verdade.
*Imagem: https://ervateirabaronesa.com.br/coisas-que-os-gauchos-dizem-sobre-o-chimarrao/
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